MÚSICA

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Os Toy são daquelas bandas que fazem tudo certo para reciclarem as heranças do psicadelismo, shoegaze e, claro, aquele ingrediente que fica bem adicionar à receita por qualquer jovem banda indie que se preze: krautrock.

Visualmente, adoptam os códigos que se esperam de uma banda inglesa praticante de um som assumidamente dark: todos vestem roupas pretas, o que combina bem com a simplicidade do cenário de palco (fundo azul em boa parte do tempo). A postura não é exuberante, são  discretos e apoiam-se essencialmente no poder sónico da música que produzem, sem artifícios.

São o típico exemplo de uma nova geração de bandas que hoje, graças à internet, têm acesso a todos os estilos musicais, todos os subgéneros e todas as bandas obscuras da história do rock. Sempre se criou a partir de algo que apareceu antes, o desafio está no que se consegue fazer com essas influências. No caso dos Toy (que basearam a sua actuação nos temas do álbum novo Join The Dots, sem esquecer o primeiro longa duração) o problema é que a fórmula depressa se esgota.

Chegamos a metade do concerto e facilmente se conclui que não vai haver surpresas, que quase todas as canções são variações da mesma matriz e que tudo se torna algo aborrecido e previsivel. Roubar a batida motorik dos Neu, adicionar as texturas sónicas dos My Bloody Valentine e cantar em tom meio narcótico à moda do indie britânico dos anos 80 sem que daí resulte um cunho próprio e distinto que se traduza em canções memoráveis, não é propriamente entusiasmante.

Os Horrors, a banda irmã dos Toy, conseguem, com referências semelhantes, fazer canções melhores, com um certo travo pop que lhes assenta bem. Os Toy, ao vivo e também nos discos, são francamente repetitivos e sem soluções para diversificar o seu som.

Aprenderam bem a lição, ouviram os discos certos para atingirem uma certa credibilidade junto dos indie kids e impressionam pela competência instrumental e pela energia que conseguem gerar. A questão é: Ainda há paciência para ouvir bandas indie que não conseguem ser mais ambiciosas do que repetir formulas gastas?

Antes tocaram os Keep Razor Sharp, banda lusa composta por elementos de Sean Riley And The Slow Riders, The Poppers ou Riding Panico que deixaram boa impressão com canções bem desenhadas, assentes num certo rock noir de gente como The Black Angels, Black Rebel Motorcycle Club ou The Jesus And Mary Chain mas já com uma personalidade bem vincada nos primeiros passos do percurso da banda, com a força das guitarras psicadelicas em óptima combinação com a solidez da secção ritmica e a "coolness" das vozes. A seguir com atenção.

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