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Rodrigo Gomes – finalista do prémio Sonae Media Art

“A media art não é só meios tecnológicos, tem de existir um pensamento profundo por trás”

É por muitos ainda vista como uma área pouco convencional e em Portugal ainda está a ganhar o seu terreno, mas “se formos ver em contextos históricos, o interesse pela Media Arte, uma prática artística relacionada com as interdisciplinas, já existe desde o século XIX”. Lembremos o compositor Richard Wagner, que relacionou música com outros campos artísticos como a dança, a pintura, a arquitetura e a poesia. Quem nos aponta este exemplo é Rodrigo Gomes, um dos cinco finalistas ao prémio Sonae Media Art, que está no primeiro ano de mestrado em arte multimédia e já conta com um vasto conjunto de trabalhos apresentados numa área que explora diariamente e onde sabe que não vai deixar de criar.

O som e a sua interseção com imagens ou mesmo esculturas é algo bastante presente no seu trabalho, tendo sido no segundo ano de faculdade que explorou pela primeira vez esta fusão com “a construção de uma escultura sonora que criava vibrações sobre duas imagens”. Depois deste trabalho, descobriu o videomapping, que como explica à Umbigo, “permite criar ilusões tridimensionais com imagens sobre a escultura”.

Foi na Pedreira dos sons que criou a sua primeira projeção videográfica sincronizada com os instrumentos da orquestra que cobria grande parte da pedreira. Hoje, define o seu trabalho como “uma fotossíntese da escultura”, já que as suas esculturas se foram moldando cada vez mais à projeção de imagens acompanhadas por sons, sendo que “a maioria das peças só resulta com a projeção de vídeo e som”. Um resultado que gera curiosidade no público, que se questiona “se a escultura é um ecrã ou como o vídeo foi ali parar. Outros parecem ficar atordoados com os sons contínuos e monótonos que acompanham as obras”, conta Rodrigo, apontando o deslumbramento incompreendido que se sente por parte do público: “Como a media arte faz muito uso de meios tecnológicos, facilmente cai-se no fascínio pela tecnologia que ativa a obra de arte. A media arte não é só isso, tem que existir um profundo pensamento por trás.”

A par da peça a apresentar em maio, que será exposta no MNAC (Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado) no final do ano e será avaliada pelos júris para decidir o grande vencedor ao prémio Sonae Media Art, Rodrigo Gomes está atualmente a “criar lentes como meio de expansão, ampliação e extensão da projeção de imagens”. Uma ideia que surgiu da pintura Rapaz a Soprar Bolas de Sabão, do francês Jean-Siméon Chardin. “Na pintura vemos um rapaz a criar uma bola de sabão ao soprar uma palhinha, um copo com um líquido e uma criança a observar com curiosidade o fenómeno. O quadro de Chardin é uma negação do espaço vazio, a bolha é como uma lente de reflexão e de conhecimento que permite compreender a tatilidade do mundo que observamos”. Este pensamento que serviu de introdução ao seu mais recente projeto, prova a complexidade do trabalho do artista, que aborda questões formais e conceptuais que resultam em esculturas sonoras. O próprio trabalho a apresentar no MNAC irá, de certa forma, abordar esta visão, já que será “uma reflexão sobre a realidade esquizofrénica que presenciamos no mundo: a da difusão de imagens regida pelo seu próprio consumo”, representada por uma espécie de “floresta cerrada” que será uma continuação de outros seus trabalhos e algo mais.

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