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André Sier – finalista do prémio Sonae Media Art

“espero que as obras que crio induzam nas pessoas liberdade de pensamento, imaginação e ocupação espacial”

Bioquímica, música, pintura, filosofia. O percurso de André Sier passa por distintas áreas que percorrem um caminho desde as artes à tecnologia e levam-no ao que é hoje: engenheiro artístico que cria mundos habitáveis de espaços inexistentes no real. O objetivo? “Entrar com o corpo todo dentro da peça.”

André Sier, um dos cinco finalistas ao prémio Sonae Media Art, expõe e performa obras mundialmente, com mais de 25 exposições individuais e de 80 participações em coletivas, mas foi nos anos 90 que começou a expor, em bares no Bairro Alto, numa altura em que trabalhava certas mecânicas que só mais tarde conseguiu compreender. Nesta altura, não havia qualquer tipo de formação nas áreas computacionais, pelo que foi essencial para o artista dominar determinadas técnicas. “As artes, que guiam, e as ciências e filosofia, que permitem a criação de novas linguagens, mais aptas a traduzir estas experiências.”

Tal vontade de André Sier em proporcionar experiências reflete-se nas suas obras, onde a interação do público com as mesmas é essencial, como na peça 747.3, onde “o abrir dos braços no vazio face à projeção da peça simula o voar. É quase real, torna-se operatório, esboça sorrisos nos utilizadores. Felizmente, o corpo não se reduz aos seus órgãos e ao espaço que habita, e espero que as obras que crio induzam nas pessoas esta outra liberdade de pensamento e de imaginação e de ocupação espacial”, explica.

A criação destes mundos fantásticos e inabitáveis é algo presente em todo o percurso do artista, como prova a série piantadelmondo, “uma cartografia de espaços habitáveis imaginários” que se inspira em cidades mitológicas e na literatura.” Em Arcadia, um destes espaços, Sier construiu uma cidade “onde não há chão nem tecto. Há zonas com diferentes ocupações espaciais de matéria, onde se navega com movimentos feitos no ar, reconhecidos por câmaras, como se estivéssemos a atravessar à velocidade da luz uma região infindável”.

Na exposição do MNAC (Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado), a inaugurar no final deste ano – e que será avaliada pelo júri para decidir o vencedor ao prémio Sonae Media Art –, também podemos contar com um destes mundos fantásticos. André Sier irá a aprofundar um dos seus ambientes virtuais interativos que tem vindo a trabalhar desde 2011 e onde espera que o público se perca de si ao explorar o jogo. Falamos de Wolfanddotcom, uma série mais focada em jogos, cibernética e animalidade. “Jogos no sentido de oferecer experiências com lógicas que têm de ser completadas para mais nos embrenharmos nos ambientes. Cibernética pois por vezes vamos deixando os corpos físicos para nos fundirmos em redes. Animalidade pois é essa a arqueologia do humano, e talvez da arte, sem regras, sem sistemas, sem políticas que implodem o planeta que todos partilhamos.”

Este último ponto, o da animalidade, é essencial para Sier, que faz por transmitir no seu trabalho a necessidade de se repensar a humanidade enquanto ainda temos planeta. “A arte tem aí um papel essencial, e espero que estas peças-catarse sejam capazes de despoletar experiências vívidas e intensas de alteridade, que talvez façam pensar em abalar este estado de coisas, começando no humano.”

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