JOALHARIA

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Imagem de capa: Brinco, impressão em livre de Fumos. Museu do Ouro de Travassos.

A joalharia dita contemporânea tem muitas facetas diferentes e inclui vários tipos. Ou seja, artesanato, design e a designada joalharia contemporânea que pode, frequentemente ser vista como arte. É certo que todas são nossas, Coexistem connosco. Mas, a joalharia contemporânea comporta paralelos com a arte contemporânea, isto é, comunica connosco através de símbolos cifrados, criados por cada autor.

São estas as propostas que se podem ver a partir de 6 de outubro na exposição Filigrana Hoy patente na FAC, Fabrica de Arte Cubano em Havana.

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Carlos Silva – Veias

Esta exposição, realizada em parceria com a PIN – Associação de Joalharia Contemporânea Portuguesa vai receber na FAC diferentes tipos de joalharia feita em filigrana criada recentemente. Dada a sua natureza, coincide com o projeto da FAC, o qual também inclui arte, design, arquitetura, vídeo, etc.

O projeto Leveza, Reanimar a Filigrana – ESAD, Escola Superior de Artes e Design, 2003-2005 – terá animado muitos autores a readoptarem esta técnica tão antiga, assim como a levá-la à sua origem: filum et granun [fio e grão]. Leveza nasceu de um texto de Italo Calvino, incluído no livro Seis Propostas para o próximo Milénio,1994, Lisboa, Teorema. Este autor, depois de fazer um percurso histórico e contextual sobre esta palavra, conclui que na viragem para o século XXI vivemos uma leveza associada a bits e a software, a entidades sem peso.

Assim, veremos também em Havana peças que não esquecem a sua origem, mas que são muito mais leves e têm configurações muito diferentes de outras anteriores. A par da exposição, acontecerá uma visita guiada por Ana Campos, um workshop por Susana Teixeira e uma aula magna por Ana Campos, ambas membros da PIN.

Durante séculos subsistiu o mito de que a filigrana é Portuguesa. Tal não é um facto. Como se pode ver abaixo no mapa-mundi, está dispersa pelo mundo. Chegou a Mértola antes de Cristo. Mais tarde, alojou-se no norte de Portugal. Ainda que não esteja comprovado cientificamente, poderá ter chegado a Travassos, Gondomar, Guimarães ou Vila do Conde por via de diásporas no Índico, para onde certos marinheiros partiam, voltavam e trabalhavam a filigrana.

Nas oficinas de Travassos e nas de aldeias vizinhas, frequentemente usavam-se os designados livros de fumos. Eram, de facto cadernos onde os ourives imprimiam as peças passadas por fumo. Ficavam, assim registadas as formas e dimensões.

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Mapa Mundi

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Coração, impressão em livro de fumos. Museu do Ouro de Travassos

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Brincos, Moldes. Museu do Ouro de Travassos

Hoje já nada disto se faz. Ou o trabalho é manual ou o desenho é feito em computador. Como em Filigrana Hoy, já no projeto leveza as peças eram inspiradas em detalhes da filigrana antiga, procurando torná-la mais leve, menos barroca, mais atual. Frequentemente, o fio já não é de ouro nem de prata. Mas e.g. de algodão ou borracha. Outras vezes inclui plásticos coloridos.

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Cristina Roque. Colar Estado Novo. Fio de Algodão

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Inês Sobreira. Pulseira e anéis. Prata e látex

Exposição: FAC, Fabrica de Arte Cubano, Havana. Calle 26, esquina 11, Vedado, La Habana, Cuba.
De 6 de outubro até dezembro de 2016.

Parceria FAC – Fabrica de Arte Cubano [Sofia Aguiar] / PIN – Associação de Joalharia Contemporânea Portuguesa. [Cristina Roque, Inês Sobreira.] Havana, Outubro, 2016.

Júri de seleção de peças: Ana Campos, Cristina Roque, Inês Sobreira.

Participantes: Alexandra Serpa Pimentel, Ana Campos, André Rocha, Carlos Silva, Cristina Roque, Inês Sobreira, Liliana Guerreiro, Paula Crespo, Rita Andrade e Teresa Dantas

Abertura: Visita guiada à exposição: Ana Campos - 9 de Outubro às 19h seguida de conferência na Aula Magna.

Workshop de filigrana: Susana Teixeira 10 a 12 de Outubro das 12h às 16h.

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