Há três anos que o fim do verão em Lisboa é abençoado pelo Lisb-On, um festival que junta música de todas as cores e gerações numa comunhão íntima, no centro da cidade, durante as horas em que a cidade é banhada pela luz inconfundível que inspirou inúmeros poetas.
O Lisb-On surge de surpresa como a brisa que sopra do Tejo ao final da tarde, com um cartaz que junta DJ's, bandas e live-acts numa confeção homogénea, agraciada por uma comunhão humana que só é possível graças à ambição da organização que há três anos deixa ocupar um recanto do Parque Eduardo VII para nos deixarmos embalar por um mundo inteiro de música.
Das duas da tarde à meia-noite já pudemos ouvir Roy Ayers, Jazzanova, Dâm-Funk ou DJ's como Moodymann, Greg Wilson e Michael Mayer entrelaçados como que por magia. Estendemo-nos na relva ou levantamo-nos para dançar em conjunto, encontramos amigos e conhecemos pessoas novas, trocamos beijos e abraços e no fim descemos à cidade que nos acolhe e continuamos noite dentro nos vários espaços associados ao Lisb-On.
À terceira edição junta-se mais um dia, sexta-feira, que trará à relva do Parque Eduardo VII os veteranos do Disco-Sound Escort, de Nova Iorque, que recuperam a herança dos anos 70 num concerto que, já pudemos comprovar noutra altura, não deixa ninguém indiferente. Outro veterano, Herbert, dono de uma discografia invejável, será também anfitrião deste dia, assim como Dixon, senhor de dotes giradisquistas invejáveis. Completam o cartaz em Português a DJ Mary B, os Sweat & Smoke e a eletrónica sumarenta e colorida vinda de Berlim dos Tender Games.
Sábado há “Samba Doido”, cortesia dos Azymuth, banda Brasileira formada em 1973 que junta os ritmos tradicionais com jazz e funk. Há também DJ Harvey, um dos DJ’s mais importantes de sempre, figura mítica e conhecida pelos seus sets improváveis, Tale of Us, e a completar este dia os portugueses De Los Miedos, Sensible Soccers e a jovem Surma.
Domingo é dia do senhor Marcos Valle, uma lenda viva, dono de discos sublimes editados na época de ouro da música brasileira, com uma carreira que acompanhou as décadas de 60, 70 e 80 com um charme incomparável. Os Jungle, banda recente que já alcançou um estatuto de culto com as suas influências dos anos 70 e 80, completam o cartaz, assim como os DJs João Tenreiro, Max Graef e Gerd Janson.
Juntar estes nomes de forma tão graciosa num local tão especial parece bruxedo, mas é só Lisb-On. Recordamos um episódio numa das edições passadas em que um casal de turistas estava embevecido pelo festival, dizendo que no país deles era impossível encontrar um evento assim. Nós sorrimos e abrimos os braços, porque o Lisb-On é feito para partilhar.