Fotografias: Apart.
A menos de uma semana do castelo de Montemor-o-Novo se metamorfosear e se tornar em lugar de peregrinação para mais uma edição do Festival Forte, decidimos conversar com Apart, um dos sete projetos nacionais que se apresentarão este ano. Da já longínqua bateria, às noites que encostam às manhãs só para encontrar o ritmo perfeito, até aos primeiros trabalhos e respetiva ligação com a Soniculture.
Sendo a Figueira da Foz conhecida, em termos musicais, pelo concerto de Siouxsie & The Banshees e a estreia ao vivo dos Blur, e o facto da cidade mais próxima, Coimbra, como a capital do rock, não teria sido mais fácil teres pegado numa guitarra? Como surgiu esta apetência para a música eletrónica?
Na verdade, comecei não pela guitarra mas sim pela bateria pois era, e ainda sou, fã de rock, punk e metal. Foram os meus primeiros passos na música. A apetência pela música eletrónica veio uns anos depois, quando tive acesso à internet e uma panóplia gigante de novas sonoridades que me cativaram quase logo no imediato.
Como foram os teus primeiros passos? Num quarto até às tantas da manhã a testar novas sonoridades?
Os primeiros passos foram sim, num quarto até quase de manhã, todos os dias, apenas parava para comer. É algo viciante, e quem está no meio percebe perfeitamente o que estou a descrever.
O que mudou, no que procuras, desde os primeiros tempos até agora?
Não mudou muita coisa, o que me leva a produzir é o mesmo, uma necessidade de me exprimir através da música e a vontade em fazer as pessoas dançar e viajar através de ritmos e sonoridades hipnotizantes que os façam esquecer um pouco toda a realidade do quotidiano.
Na descrição que apresentas referes as melodias intensas e forças poderosas que propiciem ambientes sedutores e enigmáticos. Quais são as tuas referências no momento de criação de cada tema?
As referências são o obscuro, enigmático e industrial, que acabam por caracterizar os meus ambientes em cada tema.
A tua estreia discográfica dá-se com o EP – Paradox (Abril 2015). O que representou para ti este momento e o que pretendeste mostrar com este trabalho?
O momento foi marcante e reconfortante pois tinha passado vários meses "fechado" a criar o projeto Apart e, finalmente tinha chegado a recompensa. Com o primeiro lançamento tentei caracterizar um pouco toda a minha esfera de produção com temas em diferentes vertentes do techno.
Paradox foi editado pela Soniculture. O que representou o apoio de uma editora e promotora tão conceituada? Como surgiu esta ligação?
O apoio da Soniculture foi, e tem sido, bastante importante para a minha evolução. a ligação surgiu através da Irina. Trabalhei em parceria com ela no passado e a sua ligação à Soniculture acabou por facilitar a minha inclusão no seu leque de artistas.
Dentro de pouco tempo vais lançar o teu primeiro LP, o que se pode esperar deste novo trabalho?
No álbum podemos encontrar a minha vertente mais experimental e conceptual. Abordei um tema e compus todo o álbum à volta disso. Posso adiantar que é algo sombrio e melancólico com um toque apocalíptico pelo meio, sem nunca esquecer a minha vertente mais musculada e dançante 🙂
Participas na compilação do Forte de 2015 e irás fazer o mesmo na deste ano. O que representa para ti este tipo de participações? De que forma a abordagem é diferente do tipo de trabalho que normalmente desenvolves?
Estas participações são importantes para mim pois dou-me a conhecer a um público mais vasto e acabo por estar ainda mais ligado a este evento e aos artistas, que são para mim dos melhores da Europa e do Mundo. A abordagem é diferente pois o tema já existe e o que se pede é uma reinterpretação do mesmo ao nosso estilo, portanto é também uma oportunidade de mostrar a minha versatilidade no que toca à produção.
Irás participar na edição deste ano do Forte. O que é para ti um Festival como o Forte? O que tens guardado na manga para a tua atuação?
Como referi anteriormente, o Festival Forte é um dos melhores da Europa e talvez do Mundo na sua especialidade e portanto é uma enorme montra para o meu trabalho. Na manga tenho uma série de unreleased tracks que irei tocar ao vivo pela primeira vez e, como qualquer live, uma boa dose de improviso à mistura.
Quais as atuações que gostarias de destacar na edição deste ano do Forte e porquê?
As atuações a destacar são imensas pois o cartaz é rico de qualidade. Destacaria talvez Rrose, Apparat, Cabaret Voltaire, Rodhad, Silent Servant, Orphx e os meus colegas Vil e Shcuro 🙂
Além do lançamento do LP já referido o que tens previsto para o resto do ano?
Para além do LP, até ao final não conto ter mais lançamentos mas para o próximo ano o objetivo é contar com mais dois EP's e, quem sabe talvez mais um long play.