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Fotografias: António Néu.

Chegámos ao fim de quatro dias imersos no mundo da arte contemporânea com uma programação paralela tão intensa que os que a seguiram avidamente tiveram certamente pouco tempo para dormir. O mais importante é que Lisboa, uma cidade cosmopolita e povoada por galerias e artistas, teve finalmente uma boa feira de arte. Não que os portugueses não a conseguissem fazer, como muitas vozes o disseram, mas como referiu o artista João Louro “ter a chancela da Arco Madrid é uma mais valia. Têm o know how, fazem a feira há muitos anos, fazem-no bem e como tal só existem vantagens. A primeira vez que fui à feira de Miami, foi há muitos anos e era uma feira regional. Quando quiseram torná-la importante foram buscar Samuel Keller a Basel que acabou por ficar diretor da feira de Miami durante oito ou nove anos. Hoje em dia a feira de Miami é incontornável”.

Na verdade todos se mostraram satisfeitos com a Arco Lisboa, de artistas a galeristas, colecionadores e público em geral. Pilar Montes, representante da galeria madrilena Maisterravalbuena que deu destaque ao artista B Wurtz, contou-nos que “o artista da galeria ao lado já vendeu tudo”. Esse artista é Isaque Pinheiro, fez a capa da Umbigo #9 e estava representado na galeria Caroline Pagès. “Vendi as peças que originalmente foram postas na feira, peças que foram repostas, peças que estavam na galeria e peças que ainda não foram feitas. Fiquei especialmente feliz pelo facto de as obras passarem a fazer parte de coleções privadas na Bélgica, França, Sidney e Portugal. Agora quero fazer mais”. No espaço da galeria açoriana Fonseca Macedo estava Susana Mendes Silva com a performance A Obra que eu fiz para ti com versões em português, inglês e espanhol. “O objetivo é que cada um pegue no texto, se recolha e pense sobre esta peça”, contou Susana acrescentando que “adorava que as pessoas depois me escrevessem sobre esta obra que lhes dediquei”.

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Todas as galerias destacaram um artista que se tornou na estrela do espaço. Algumas levaram o conceito à risca expondo apenas um artista, como é o caso da galeria Graça Brandão com a obra de João Maria Gusmão & Pedro Paiva, a 3+1 Arte Contemporânea com Carlos Nogueira e as paulistas Baró com Túlio Pinto e Luisa Strina com Nicolàs Paris, que tivemos oportunidade de ver recentemente no Museu Berardo. Curiosamente uma grande predominância de Pedro Cabrita Reis em várias galerias "com obras muito superiores às que estamos habituados a ver em leilões", referiu um artista.

José Martinez Calvo, diretor da galeria Espacio Mínimo de Madrid, entre outros artistas mostrava no seu espaço a artista Ana Vidigal. “Esta é uma feira diferente da Arco Madrid, até porque é uma feira de projetos. Tivemos oportunidade de conhecer mais colecionadores e percebemos que os espanhóis passaram a dar um maior reconhecimento ao trabalho de Ana Vidigal pois viram a sua obra na Gulbenkian”. João Louro está presente em duas galerias, Cristina Guerra e na americana Christopher Grimes. O artista sentiu estar num arsenal em Veneza. “O espaço é muito bonito, está bem organizado e há uma série de eventos a decorrer em paralelo. É uma aposta ganha”. De facto a Arco estendeu-se da Cordoaria Nacional a toda a cidade que aproveitou a oportunidade para fazer inaugurações em simultâneo, às quais se juntaram várias conversas e palestras com temáticas inerentes ao mundo da arte. No último dia Pedro Gadanho, diretor do MAAT, apresentou o Museu que irá inaugurar no dia 5 de outubro e Hans Ulrich Obrist, diretor da Serpentine Gallery, Londres, teve um discurso inspirador sobre novos formatos na criação de exposições.

Assim terminou esta primeira Arco Lisboa num formato pequeno, intimista e funcional que permitiu um contacto direto com os agentes artísticos dando relevo às galerias que mais se destacaram para cada um dos espetadores. O diretor da Arco, Carlos Urroz, conclui esta reportagem dizendo que foi “uma experiência estupenda e em Maio de 2017 estamos de volta”.

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