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Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome, a exposição de Nicolás Paris que nos ensinou a todos a desaprender. Ferramenta, Método, Ideia e Sistema, quatro salas sem princípio nem fim, a procura incessante pelo quinto lado do quadrado, pelo descontrolo numa ordenação quase obsessiva, pela organização da geometria, pela sistematização do pensamento, pela adaptabilidade do museu à exposição, do artista ao museu, da obra ao espetador, do espetador à exposição, do artista ao espetador, da obra ao museu… todos em constante aprendizagem. Papéis de receptor e emissor que se invertem, seduções e conquistas, desafios e inquietudes.

O trabalho do artista colombiano Nicolás Paris chegou até nós na precisão de um limbo. A comunhão entre o seu trabalho artístico e o seu papel de educador foi a chave certa para uma relação estreita com o serviço educativo, comigo e com cada mediador cultural.

Falar desta exposição que se despede do Museu Coleção Berardo este fim-de-semana é falar de um ciclo que colocou colegas a partilharem ideias como poucas vezes assistimos, de trabalho intenso e permanente entre monitores e artista num diálogo um para um como não é comum acontecer no Museu, é colocar o professor no papel de aluno e o Museu no lugar de sala de aula, é falar de oximoros que nos levam a certezas e de ensaios tão simples que nos levam à complexidade da origem, é realmente falar do que não tem nome mas que muitos nos veio acrescentar.

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Questões como o que gostaríamos de desaprender, de quantos jardins cabem num lápis verde, de onde acontece a arte ou de como transformar uma simples folha A4 em espaço onde cabe todo um museu, foram ambiciosas e pertinentes e colocaram-nos a todos num jogo de descoberta da exposição, de descoberta do nosso papel no espaço expositivo, de descoberta da nossa relação com o mundo. A aposta está ganha quando damos por nós a fazer referências a este trabalho em qualquer uma outra exposição; quando o espetador é realmente capaz de ler nas entre linhas, quando tem a ousadia de dizer que não, quando aprende a saber esperar ou quando percebe como agir entre o manipular e o questionar. Ganharam todas as idades e todos os intervenientes.

Um work in progress que fez com que todos os dias a exposição fosse inaugurada e alterada e que faz com que ela não termine com o seu encerramento… a quinta variação está agora a começar, em cada um de nós. Nicolás Paris ensinou-nos a fazer sementes e as ideias germinam. Obrigada por toda a arquitetura de novos espaços entre todos nós.

Este domingo convido o público jovem e adulto para o workshop Desaprender e para a última visita guiada a esta exposição, não a jeito de despedida mas como a oportunidade de um novo começo.

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