FOTOGRAFIA

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Assumindo a fotografia um papel cada vez mais importante nos domínios da arte contemporânea a FNAC continua a dar importantes cartas nesta área através da promoção do concurso Novos Talentos FNAC Fotografia que nos mostra o bom trabalho que se faz a nível nacional. Desta vez o grande vencedor foi João Henriques com o seu projeto School Affairs, materializado num conjunto de imagens que procuram estabelecer uma narrativa e onde se juntam escopofilia e voyeurismo.

Em 2011 João voltou à escola para estudar fotografia. "Desejava saber mais e conhecer novas pessoas. Estando na meia idade e em crise vocacional acerca do que fazer da minha prática fotográfica, decidi que seria interessante explorar o conceito de crise, da idade e da vocação, através deste trabalho". A série constitui-se assim de forma dupla: num primeiro tempo em história fictícia acerca da fantasia acerca do corpo feminino, revelando a crise da meia idade, fantasia que nunca se concretiza. Apesar do nú não há identidade, apesar do olhar não há olho, ou quando há é artificial. Posteriormente, esses elementos narrativos poderão convocar questões centrais da fotografia, que vão desde os limites da visão enquanto fórmula de conhecimento a questões éticas sobre a objetificação do corpo feminino e a alteridade.

A visão e o olhar (gaze) são o fio condutor desta trama, e apesar de o retrato estar assiduamente presente, nele raramente o olho se faz ver, e quando aparece, fá-lo sempre em viés, enunciando uma distorção, uma frustração do olhar, ou uma fantasia que não se materializa. Por outro lado, o corpo feminino duplica esse lado conceptual, pois sendo atravessado por um desejo crescente, de materialização e de visão, esse desejo nunca é concretizado, o corpo nunca se revela, ou se o faz é de forma quase invisível, sem contornos, amorfo.

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Seguiram-se duas menções honrosas para os trabalhos Atlas de Flávio Nuno Joaquim e Janela Para Lá de Ricardo Sousa Lopes. Para Atlas o artista partiu de uma recolha exaustiva de provas fotográficas abandonadas ou esquecidas em espaços laboratoriais de fotografia. Da recolha resultaram de mais de 1300 provas fotográficas, das quais foram selecionadas 1234. Tratam-se de testes, erros, repetições, os bastidores da construção de uma imagem, o corpo deste Atlas. Flávio mergulhou nessa vastidão de imagens e criou conexões entre elas num projeto que tem uma estreita relação com a memória, com o carácter organizacional, metodológico, processual e (re)velador da fotografia.

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Em Janela Para Lá, Ricardo Sousa Lopes alheia-se do mundo exterior, absorvido por uma floresta que o abraça em imagens silenciosas reveladoras de calma e tranquilidade. Nelas "sinto cada sopro de vento, escuto cada ruído, por mais singular que seja, em todo este silêncio. Esta calma e tranquilidade fazem com que queira aqui permanecer. Aqui não há mais nada, apenas sossego" diz o artista que para fazer este projeto se embrenhou por enseadas escurecidas pela densidade da folhagem e pela luz baixa e perene das tardes de outouno/inverno. Em jeito de mote, sobre Janela Para Lá Ricardo diz: "Fotografei porque preciso. Fotografei para mim. Fotografei porque sim".

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