Enquanto espero sobreviver a mais uma viagem de dez horas – não pelo tédio do tempo mas pela condução que, no mínimo, vai provocar 27 deslocamentos da retina – penso neste país sobrevivente e tenho pressa em chegar à fronteira.
Otres é um bocadinho de paraíso, nosso por 8 dias. Na praia, onde se contam as pessoas pelo número de palmeiras, basta pôr a toalha à beira-mar, pés dentro de água, e esperar que o dia passe entre refeições que vão aparecendo a cada senhora que passa.
Ele é lagostins fritos de tamanhos variados que a tal senhora vai descascando enquanto nos elogia os narizes ocidentais, espetadinhas de lulas grelhadas ao momento, frutas frescas que já cheiram há 200m e, oiçam bem, donnuts caseiros a 25 cêntimos para terminar. Isto tudo sem sair da toalha.
Mas eis que se sai, a água morna e transparente chama-nos. À nossa volta só palmeiras, mar e silêncio: queremos viver aqui! Só uma coisa a estragar o postal, aquele rapazito que mal nos vê de água pela cintura decide pegar na nossa mochila e ir à sua vida. Mais valia termos ficado à espera da próxima ronda de lagostins.
Depois acabou-se, é ir pagar à polícia, contribuindo para a corrupção do país e esperar pelo Vietname sem olhar para trás.