Fotografias: Diana Quintela.
O Arquitecto Diogo Seixas Lopes faleceu. Estas palavras têm custado a serem ditas e escritas por tamanha perda que se sente. A Arquitectura Portuguesa ficou incrivelmente mais pobre com esta despedida, mas ficámos todos incrivelmente mais ricos com tudo o que ele nos ensinou.
Nos diferentes papéis que o Diogo assumia enquanto Arquitecto, projectista, investigador, curador, professor, critico e conferencista a sua dedicação e profunda reflexão foram sempre singulares. O Diogo deixou-nos obra construída, deixou-nos uma brilhante tese de doutoramento sobre melancolia na Arquitectura, deixou-nos os números da Prototypo que revelaram para muitos de nós a genialidade e o sentido crítico do Diogo, deixou-nos muitas discussões de quem era apaixonado por esta disciplina e a conhecia com profundidade. Mas, sobretudo, o Diogo deixou-nos um mundo a ser construído. Lisboa vai continuar a ser transformada pelo seu pensamento, quer pela obra que se irá erguer, quer pela próxima edição da Trienal de Arquitectura da qual, juntamente com André Tavares, é curador. The Form of Form será a 4ª edição da Trienal e assim que esta foi apresentada percebeu-se logo que ele a estava a desenhar com todos os alicerces bem estruturados, numa fase onde a Arquitectura tem de ser repensada por quem melhor o sabe fazer. Vamos todos sentir muita falta da cabeça do Diogo, uma cabeça que o atraiçoou e que tinha tanto para nos dar.
Este pequeno texto não pode acrescentar nada ao que se tem dito sobre o Diogo, mas pode tornar público o meu agradecimento e admiração por ele.
Diogo, a figura incontornável que tu eras, apesar de ainda tão jovem, faz-me recordar todos os momentos desde que te conheci pessoalmente enquanto curador do núcleo da Suíça na exposição Falemos de Casas entre o Norte e o Sul, em 2010, a todas as conversas que tivemos no Centro Cultural de Belém, onde me deixavas rendida entre a tua simplicidade no trato e a complexidade do pensamento, os telefonemas onde me demonstraste sempre uma cordialidade e sinceridade admiráveis, a última conferência onde estivemos juntos no passado Verão, no ciclo Arquitectura e Teatro, onde no meio das dificuldades a tua lucidez era invejável, momento onde nos apresentaste a tua obra do Teatro Thalia, enquanto eu estava longe de imaginar que me ia custar tanto voltar a entrar neste brilhante edifício para um dia de despedida. Retrato este texto com imagens desse mesmo dia, captadas no Pavilhão Povera pela Diana Quintela.
Obrigada Diogo. Ficámos com textos e entrevistas por concluir, fiquei com a sensação do vazio de tudo o que ainda gostava de contigo aprender, fiquei com a certeza de teres feito o melhor por nós todos. Obrigada!