ARQUITECTURA

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Entrevista com Alexandra Areia

Hoje, último dia da programação do Arquitecturas Film Festival Lisboa, Alexandra Areia, programadora e curadora desta terceira edição, fala-nos no âmbito do tema deste festival, dos interstícios entre a Arquitectura e o Cinema e as expectativas deste evento em Portugal.

Ainda há tempo para assistir a filmes como Oscar Niemeyer, A Luta é Longa, assistir à apresentação da tese O Futuro das cidades, as cidades do futuro e pelas 21h45, com muitos realizadores presentes, acontecerá a festa de entrega de prémio no Fórum Lisboa.

"Não há cinema sem arquitecturas" é a afirmação que acompanha o programa do Arquitecturas Film Festival de Lisboa. A história do cinema é indissociável das questões da narrativa do espaço e do imaginário arquitectónico. De que forma o interface entre as disciplinas da Arquitectura e do Cinema continuam a ser objecto de estudo e que limites ainda fazem falta explorar?

A evolução tecnológica do cinema foi sendo sempre alvo de curiosidade por parte dos arquitectos. O cinema representava um epítome de progresso, tal como o automóvel ou a aviação, o que despertou enorme interesse junto dos arquitectos modernos, Le Corbusier por exemplo. Hoje, o cinema democratizou-se, isto é, as novas tecnologias tornaram universalmente acessível o acto de filmar e já não é preciso muito mais que um telemóvel para fazer um filme. Naturalmente, o filme torna-se assim num poderoso veículo de comunicação para os arquitectos, que sempre recorreram à escrita ou ao desenho, mas que agora podem encontrar no filme uma outra forma de construírem os seus discursos e de os partilharem com um público muito mais alargado. As possibilidades futuras desta relação entre cinema e arquitectura são portanto infinitas.

Welcome to the future (tema desta terceira edição do festival) inicia a sua programação no dia em que a Nasa revela os vencedores do concurso para possíveis habitações em Marte em 2037. Sendo o cinema uma viagem no tempo o que propõem com este tema e de que forma o cinema pode abrir portas para os novos rumos que a arquitectura questiona ter que percorrer?

O mote para o tema do Welcome to the Future surgiu precisamente com a viagem no tempo que Marty Mcfly realiza no segundo filme da trilogia Back to the Future e que estava marcada precisamente para o nosso ano de 2015. Mas, coincidências à parte, a verdade é que o Futuro é um tema que nunca se esgota e que está sempre nas nossa consciências, afinal é sempre com esse olhar no futuro que trabalhamos e projectamos as nossas vidas. Contudo, em tempo de crise como a que atravessamos agora, o futuro nem sempre parece um lugar agradável e aí pode ser muito útil reflectir sobre as nossas expectativas passadas e perceber forma como na altura estava a ser pensado e imaginado o tempo que vivemos hoje. Esta reflexão sobre o futuro pode ajudar a dar sentido ao nosso tempo presente e a elucidar sobre as expectativas actuais que temos agora para o nosso próprio futuro. Estando hoje a arquitectura a atravessar um momento de impasse devido à drástica redução nas actividades relacionadas com construção, esta reflexão pareceu-nos
assim mais oportuna que nunca.

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Há produção cinematográfica e documental realizada com o propósito de divulgar e questionar a arquitectura mas há filmes onde esta não sendo a temática central nos levam a um deleite de sensações de vivências espaciais, tanto à escala dos edifícios como das cidades. Onde se estabelece a fronteira no acto de programar um festival de cinema dedicado à arquitectura?

Não existem quaisquer limites à partida. Se a definição do que é arquitectura é algo tão ambíguo e volátil, também o que é um 'filme de arquitectura' o é. Nesse sentido interessa-nos, enquanto programadores de um festival de cinema de arquitectura, que os filmes sirvam fundamentalmente para estimular um debate sobre temas que acreditamos serem pertinentes para os arquitectos discutirem neste momento e que possam assim encontrar no festival um local de reflexão, de encontro e de debate alargado e colectivo.

De edição para edição deste festival como pensam que têm acrescentado novos olhares e problemáticas e que balaço fazem do papel do festival não só na divulgação da arquitectura mas para a crítica da mesma?

Acreditamos muito no formato de um festival de cinema como veículo para a divulgação da arquitectura e também como mote para lançar o debate sobre a mesma. O festival é acima de tudo uma mostra internacional de filmes, mas é também todas as actividades paralelas que circulam à volta dessa mostra, o que, no seu conjunto, proporciona um programa bastante dinâmico e variado. Nesse sentido acreditamos que o festival tem conseguido, de edição para edição, marcar o seu espaço no universo da cultura arquitectónica portuguesa. Mas há ainda muito a fazer, temos a sensação que os arquitectos portugueses ainda não estão propriamente habituados a pensar a arquitectura neste formato e ainda estamos sempre à procura de novas formas para captar mais público.

No actual contexto cultural Português quais são as maiores dificuldades e estímulos que têm sido determinantes para a realização do Festival?

O maior estímulo, e que tem sido determinante para a realização deste festival, é mesmo o interesse cada vez maior que as pessoas têm vindo a demonstrar pelas iniciativas que têm sido organizadas. É isso que nos dá força e uma enorme vontade de dar continuidade a este festival, mas nem sempre é fácil. A maior dificuldade que encontramos é mesmo a falta de apoios financeiros para que actividades como esta possam ter lugar em Portugal. Um pequeno apoio já faria toda a diferença numa estrutura como a deste festival, que conta essencialmente com a energia e boa vontade das pessoas que nele estão envolvidas e que nele colaboram regularmente e de forma até bastante intensiva.

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