MÚSICA

  • none
  • none
  • none
  • none
  • none
  • none

Fotografias: Vera Marmelo.

Galeria Zé Dos Bois – 27 de Julho

Michael Rother é um histórico do rock alemão e esse peso foi bem evidente na reverência, traduzida em demorados e sentidos aplausos, com que o público, que esgotou o aquário da galeria Zé Dos Bois, recebeu Rother e os dois músicos que o acompanham actualmente, Franz Bargmann, guitarrista dos alemães Camera, e Hans Lampe, baterista que gravou o terceiro álbum dos Neu! e membro dos La Dusseldorf. Público que se rendeu desde o inicio ao desfile da arte sónica de Rother, com passagens por temas emblemáticos dos Neu! mas tambem material dos Harmonia (o concerto foi dedicado ao seu companheiro desta formação, Dieter Moebius, desaparecido recentemente) e dos seus álbuns a solo.

Ouvindo esta música é impossível não detectar aqui a génese de muitos acontecimentos musicais posteriores, do techno aos Sonic Youth, passando pelos LCD Soundsystem à electrónica ambiental. E há que reconhecer os méritos destes sons revolucionários e a capacidade sonhadora de Rother para criar um universo novo e distinto. A sua visão músical singular é formada por um notável equilibrio entre sons digitais e o lado organico das guitarras, pela precisão dos ritmos excitantes, maquinais mas com alma. Ainda que, por vezes, as harmonias e melodias da guitarra de Rother se aproximem perigosamente de algum prog rock e soft rock de gosto duvidoso, trazendo à memória Mike Oldfield ou Chris Rea.

É inegável a importância histórica desta música, até no contexto da música rock actual, na forma como influenciou tantas bandas indie dos dias que correm. No entanto, ao vivo é uma experiência que, a espaços, providencia prazer aos sentidos mas que não evita uma certa repetição de ideias e soluções, o que, num  concerto com quase duas horas de duração, pode ser um problema.

Michael Rother e companheiros não esconderam a sua satisfação pela forma entusiástica com que a audiência os recebeu, hipnotizada pelo groove colorido desta música. Rother sorriu, revelou-se simpático e comovido por estar a obter tanto reconhecimento, mais do que teve no passado. É merecido. É música que se admira pelos novos horizontes estéticos que trouxe ao mundo, mas que dificilmente se ama.

Michael Rother 7

ARTIGOS RELACIONADOS

Música

Newsletter

Subscreva-me para o mantermos actualizado: