O City Fashion Makers encara a análise da dimensão urbana a partir do conceito de bairro. Bairro no sentido literal de zona da cidade com uma dinâmica própria, com movimentação e comportamentos únicos de pessoas que nele habitam e convivem. Esta circunstância, que distingue uma parte de um território ou local. Um bairro é isso mesmo, é uma parte de um todo mais vasto, facilmente reconhecida por quem nele vive. O Meat Packing District, em Nova Iorque, o Rive Gauche & Rive Droite, em Paris, o East End, em Londres, são conceitos familiares e universais que nos transportam imediatamente para o seu joie de vivre. No Porto, estes conceitos são também reconhecidos pelos seus habitantes. O ambiente alternativo, a rua das artes ou spot dos surfistas. Todos nele existem. Mas, quem não é insider ou local, dificilmente poderá usufruir destas diferentes perspectivas da cidade. O Porto Fashion Makers dá a resposta a esta necessidade.
Mas por que existe essa diferenciação entre bairros? O que move um grupo mais para uma zona ou para outra? Cada zona tem características próprias, quase históricas e infra-estruturas que condicionam a actividade das pessoas. O elevado número de galerias, superior a qualquer outra zona da cidade, na Rua Miguel Bombarda caracterizam-na como a rua das artes. Negócios e espaços alternativos presentes nos arredores desta rua, definem o ambiente que se respira e propiciam o encontro entre artistas e aficionados. Já as melhores ondas para iniciantes de surf da Praia de Matosinhos definem este spot como o certo para a maior concentração de escolas e lojas deste ramo, aliadas à presença de chuveiros disponibilizados pela Câmara Municipal.
Estes micro comportamentos em locais específicos dentro de bairros maiores, exploram mais a fundo a dinâmica de cada estilo de vida presente no Porto. Emergente e algo underground, caracteriza o modo de vida criativo dos frequentadores da zona de São Lázaro-Campanhã, tão influenciada pela Faculdade de Belas Artes. As novas famílias, que desfrutam do ambiente contemporâneo da alta cultura de espaços emblemáticos como o Museu de Serralves e Casa da Música, compõem o cenário dos habitantes do bairro da Boavista. É, na verdade, esta leitura da cidade que o Porto Fashion Makers se propõe a fazer. Identificando seis grandes bairros, com estilos de vida e dinâmicas próprias locais e globais.
Esta multiplicidade de formas de estar no Porto, cada vez mais globais, é influenciada pelas dinâmicas urbanas. Mas a própria cidade, exponencialmente mais global, deixa-se influenciar e adaptar aos movimentos sociais. Assim, todos coabitam e evoluem. Perspectivando-se um Porto cada vez mais glocal.