Planei o chão e cortei o mato
por baixo do carvalho grande.
Pedi no oratório da tia Alice uma lua
nova, sabes? uma noite de muitas estrelas
e de um sereno que nos ombros nos seja bênção.
Pedi até que o chato do chico
adormeça na beira da porta e que hoje não nos siga.
Logo janto contigo,
fitas de presunto que enrolam pedaços de galinha
e pão de milho que pela tarde cozi.
levo vinho do pipo novo e um só copo para ambos.
Levo banho dado em água de rio,
camisa corada em sol de maio e a colônia atrás da orelha.
A tua flor, sim a tua flor, também levo,
a espreitar do bolso das calças.
Levo o luzeirinho e a manta azul,
a maior para que não nos dê o pó nos pratos.
Levo amor em braços,
caso arrefeça...
E na boca,
caso aconteça,
a língua ensaiada em beijos e em palavras bonitas.
Voz de: Manuel Sá Pessoa.