Imagens: The Current Situation, cortesia do artista e da Galeria Filomena Soares.
Palmeiras Bravas/The Current Situation é o título da mostra concebida pelas mãos de Pedro Barateiro que se encontra actualmente em exposição no Museu Berardo. O convite partiu de Pedro Lapa, director artístico do museu e a exposição é composta essencialmente por esculturas, impressões fotográficas, uma série de fotografias intervencionadas, e um vídeo que está dividido em dois. Fomos ao encontro de Pedro Barateiro que nos falou um pouco sobre esta mostra.
Porquê o título Palmeiras Bravas/The Current Situation?
Palmeiras Bravas é um desenho que fiz em 2012, parte de um conjunto de desenhos mostrados na exposição individual Tristes Selvagens/ The Sad Savages no Parkour. Outra obra em exposição era um livro, editado por mim, onde escrevi um texto que tenta desconstruir o título Tristes Selvagens, através de uma operação simples ao analisar individualmente cada uma das palavras e através deste processo encontrar um paralelo dois eventos: a praga do escaravelho que estava (e continua) a atacar as palmeiras não só em Lisboa mas em todo o país e no Sul da Europa e a crise económica que se alastrava nos mesmos países. The Current Situation é o título de uma das obras em exposição que continua e desenvolve essa relação entre a praga das palmeiras e a economia no Sul da Europa, para reflectir sobre formas de resistência biológicas e sociais. Uma das ideias de The Current Situation tem precisamente a ver com uma noção de presente expandido, quase esticado, que a crise económica provocou como se não fosse possível pensar no futuro. E foi isso que aconteceu, foi-nos dito que não teríamos futuro, que era impossível continuar. E o medo instaurado na cabeça dos portugueses fez com que aceitassem qualquer decisão.
E o processo de realização dos vídeos? O que pretendeste filmar e que ideia final quiseste transmitir a nível de narrativa?
A narrativa é construída pelo texto que serve como guia das imagens, como paisagem de acontecimentos. O que me interessa é que as imagens sirvam para que o espectador entre no texto de forma consciente. Interessa-me que exista um conflito entre imagens e voz de forma a haver uma tensão necessária. A voz da Lula Pena, com quem já trabalhei noutros vídeos e numa performance, tem a capacidade de reforçar esse conflito com o texto e com as imagens.
Representam os vídeos uma fronteira entre o real e o imaginário?
Esta pergunta é complicada porque eu não acho que exista uma fronteira entre o real e o imaginado, penso que os dois estão em constante metamorfose. Além disso são conceitos bastante complexos e teria de ir à origem de cada um. Para mim não existe uma forma de definir o real na medida em quem ele muda de pessoa para pessoa, e de certa forma o imaginário de que falas é para mim, também parte do real. Agora temos de ter consciência disso e saber trabalhar com isso. A economia por exemplo tornou o espaço de tal forma abstracto que é quase impossível definir campos de acção. Isso ajuda a que o sistema económico se sobreponha às nossas vidas, o que brutal e muito perigoso.
Durante a exposição estão previstas uma série de actividades que, em Abril, incluem uma performance de Pedro Barateiro, em colaboração com Quinn Latimer. Serão também apresentados os filmes We Belong to Other People When We're Outside e Feitiço/Spell, realizados por Pedro Barateiro em 2013 (projectados no anfiteatro do museu nos dias 14 de março, 18 de abril e 16 de maio, sempre às 16h00).
Para ver até dia 24 de Maio no Museu Berardo