Moda e Cidade são conceitos indissociáveis. A evolução da Moda está intrinsecamente ligada à definição de identidade e evolução cultural de cidade. Quando Paris surge como a primeira “cidade Moda”, devido à sua forte cultura de corte e extravagância do séc.XVII, já o conceito de “estar na moda” era definido pelo comportamento urbano e vice-versa. No fim do século XIX, a moda era já entendida como moeda de troca e de diferenciação entre cidades. Paris representava glamour feminino e Londres, em oposição, o espelho de alfaiataria masculina. Mais tarde, Nova Iorque e Chicago potencializaram a democratização da moda como um negócio rentável e com as suas inovações na produção fabril, tornando-se também importantes capitais de moda. Muitos outros exemplos sublinham e confirmam a ideia de que a moda representa um papel fundamental na construção da identidade urbana e de que a própria cidade é determinante na criação de moda(s).
Hoje, marcas como Dior ainda são o espelho da extravagância e elegância parisiense. Alexander McQueen e Vivienne Westwood, referências no mundo contemporâneo, continuam a usar a sensualidade e o melodrama vitoriano como inspirações não-irónicas nas suas criações. A verdade é que a produção e o consumo de certos géneros ou estilos em determinada cidade nunca esteve dissociada de conceitos como crescimento arquitectónico, consumo cultural cosmopolita e desenvolvimento turístico. Desta forma museus, património, escolas, galerias, restaurantes, lojas, pessoas, lugares e comportamentos são fonte de inspiração e dinamização de criatividade em muitas áreas da vida urbana e em todo o mundo. Assim, tanto o contexto histórico como a dimensão contemporânea dos estilos de vida contribuem para os processos de criação de cada cidade. O conhecimento e a intensificação da conexão entre cultura, criação e moda constitui, assim, um enorme desafio para as cidades de hoje e assume-se como contribuição fundamental para o desenvolvimento social, económico e cultural.
Na era da globalização, em que a informação viaja à velocidade da luz e as barreiras físicas são cada vez menos presentes, coloca-se a questão: Quais serão as futuras capitais da moda? A resposta reside numa nova leitura do contexto económico-cultural das cidades emergentes. Diz-nos a história que momentos de crise, de todas as origens, empurram os criativos para a inovação sem limites ou barreiras. Onde falha o capital económico, político ou social, movimentos criativos assumem-se como um novo capital urbano. Shangai, Mumbai, São Paulo e Joanesburgo são claros exemplos de novas capitais da moda e da criação, apostando, para tal, em movimentações disruptivas dos conceitos pré-definidos. Estes novos centros de criação e produção, são, também, e cada vez mais, palco dos maiores eventos da indústria, reafirmando assim a sua posição como capitais da moda.
É então neste contexto que surge o conceito de Porto, Cidade Moda. O Porto, cidade centro de um território tão rico culturalmente quanto as grandes capitais europeias (embora numa escala menor), tem vindo a ser crescentemente reconhecido nacional e internacionalmente como um ponto de encontro entre uma expressão cultural única, um carácter urbano peculiar e uma interessante oferta cosmopolita. Tal riqueza, aliada às fortes raízes históricas de produção industrial no sector moda do Norte de Portugal, faz do Porto o pólo de referência da região que fornece o Mundo ao nível do têxtil, calçado, ourivesaria e mobiliário.
Mas o Porto não se fica pela produção. Arquitectos de renome mundial; designers de comunicação premiados em importantes festivais internacionais; ilustradores e fotógrafos que trabalham para catálogos das grandes marcas globais; designers de moda que criam gamas de sapatos de referência; designers de produto que desenvolvem projectos para as grandes marcas de luxo internacionais; especialistas que criam soluções inovadoras para a indústria automóvel e tecidos técnicos para marcas prestigiadas de desporto. O que têm em comum estas pessoas? O Porto. Como casa, local de trabalho e lugar de inspiração.
É urgente que o Porto como cidade de enorme criatividade, forte capacidade de execução, e rica em novas experiências urbanas e culturais seja reconhecida como capital da moda e da criação à escala global. Assim, o Porto Fashion Makers propõe-se a ser o veículo de comunicação entre todas estas áreas, mas também a contribuir para posicionar a cidade, os seus criativos e as suas marcas no mapa global.
O Porto Fashion Makers estabelece a união entre todos estes vectores numa única plataforma. Plataforma de encontro entre as pessoas, os lugares e os estilos de vida, onde as moda(s) do Porto são o foco. Desde artistas, directores criativos, designers, ilustradores, chefes de cozinha, agências de comunicação, surfistas, costureiras, operários, empresários, e tantos outros, o Porto Fashion Makers dá a conhecer todos aqueles que compõem o ecosistema moda e o cenário urbano local. Dando palco e voz a quem faz, a quem pensa e a quem vive a cidade.
Propomo-nos, assim, a conectar a cultura da cidade, a criatividade emergente e os fazedores de moda(s) da cidade e da região. Será nesta ligação dos diversos elos da cadeia de valor da moda e do lifestyle que nos diferenciaremos. Será neste movimento de pertença local e de pensamento global que iremos construir, todos os dias, uma nova visão do Porto-Cidade Moda.