PALCOS

logo_facebook logo_twitter logo_tumblr logo_instagram 

  • none
  • none
  • none
  • none
  • none
  • none

Grupo Teatro & Teatro

Rafael Alberti escreveu esta peça exilado na Argentina. É um texto com várias leituras baseado no cerco à cidade de Madrid pelas tropas franquistas em 1936 durante a Guerra Civil Espanhola, ao mesmo tempo que recorda a resistência às Invasões Francesas de 1808. Alberti, que acreditava num “Teatro de Urgência”, utiliza como dispositivo as personagens das pinturas patentes no Museu do Prado que ganham vida para poderem opinar, ofender e insultar enquanto se juntam aos combatentes.

Durante a Guerra Civil Espanhola, todas as pinturas existentes no Museu do Prado foram guardadas na cave e posteriormente transferidas para Valência numa tentativa de as salvar dos bombardeamentos das tropas Franquistas. Alberti participou com a sua esposa neste resgate e é nele que se baseia como ponto de partida de uma peça onde elabora uma mordaz análise política ao mesmo tempo que recorda a História Espanhola numa crítica à tirania e à ditadura.

A inspiração para o texto do espectáculo apresentado no Fórum Romeu Correia parte das obras de Velasquez, Ticiano mas principalmente Goya que tão bem registou as invasões francesas de 1808. As personagens ganham vida e saem das telas para se juntarem aos resistentes republicanos e montar uma barricada, enquanto tecem considerações acerca do que está a acontecer mas também tiram ilações maiores sobre a contemporaneidade (a peça foi escrita em 1956).

A peça é representada pelo Teatro & Teatro, um grupo de teatro amador com carácter formativo. Dizer que é um grupo amador só é importante porque terão eventualmente que lidar com restrições orçamentais maiores que os outros (ou talvez não nos dias de hoje) e que isso lhes aguça a criatividade e o engenho. O trabalho de luz e os figurinos assim como a maquilhagem são notáveis. Percebemos as suas dificuldades económicas sem que isso retire qualquer mérito a esses departamentos ou à peça em geral.

Os figurinos são inspirados na paleta cromática das obras já referidas, principalmente na de Goya e a sua coerência ajuda não só a que nunca nos esqueçamos que não estamos a ver personagens reais mas sim personagens ficcionadas. O registo da representação contribui também para isso, sendo que todas as personagens são exageradas, quase caricaturas o que reforça a inspiração em Goya.

A sala estava praticamente esgotada e o público aderiu bem aos momentos mais cómicos de uma peça que se quer revolucionária. Esse carácter de “Teatro Urgente” de Alberti fica bem em Almada e nada melhor que um grupo amador heterogéneo para representar as diferentes camadas sociais e políticas que lutam pela liberdade em Noite de Guerra no Museu do Prado.

A peça vai estar em cena no dia 21 de Março, novamente num local adequado à sua combatividade: o Centro Cultural da Malaposta.

Newsletter

Subscreva-me para o mantermos actualizado:

Palcos