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Ilustração: Maga Atelier (detalhe do cartaz).

Não vamos convocar o 25 de abril e os murais do MRPP, nem muito menos os Black Company e As Gravuras não Sabem Nadar, que em 1998 serviu de hino para romaria até Foz Côa de jovens e não tão jovens imbuídos de espírito de escuteiro a promover preservação das gravuras e a evitar afogamento eminente. Considerações históricas à parte, não podemos deixar de mencionar a desoladora edição da BD Amadora deste ano, tendência que com honrosas excepções se vem verificando em anos recentes, ou o desaparecimento do Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada, que se revelou um oásis tanto no campo expositivo como no editorial. À primeira vista, somente, cenário nada optimista. Sem necessidade de abrir campo para a ilustração infantil, basta focar a nossa atenção, uma vez mais, nas margens, para as editoras alternativas (Chili com Carne, Polvo, Kingpin Books para mencionar algumas), para as Feira Laica e seus sucedâneos (Feira Morta) ou ainda, em matéria da auto edição, para a Oficina do Cego, e mais a norte a Oficina Arara. Sem a certeza que configure tendência, mas dúvidas não há que na arte de ilustrar mãos hábeis não faltam e canais de promoção, quanto mais não seja na lógica Do It Yourself, também os temos.

Se dos 20.XX.Vinte muita da atenção vai para bandas e DJ's será afronta maior não considerar o trabalho de ilustração e respectivos cartazes. Não falta por onde começar, afinal são vinte e não são parte menor. Cada um aportando uma visão muito particular sobre o que irá suceder já no dia 22 de Novembro, na Taberna das Almas (Anjos). Da abstração geométrica de Pedro Canário, onde triângulos e círculos evocam uma linearidade aparente e quase hipnótica, ao cartaz de Pedro Serapicos que partindo de um motivo publicitário de outras épocas, reactualiza-o, injectando-lhe a função de centrifugação e consequente ideia de mistura e processo caótico, imagem de marca de 20.xx.vinte, onde cada banda e DJ têm 15 minutos para mostrar o que valem. A preto e branco são vários – o da sequência cantada de 5 em 5 até aos 20 é a proposta de João Drumond, André Silva apresenta uma espécie de escadaria rolante e faz os degraus de Escher parecerem estruturas limitadas e demasiado rectilíneas, talvez a convocar-nos para danças destrambelhadas, em vórtice e em queda livre ou ainda o de Xesta Studio, sediado no Porto e trabalho de um só elemento Hugo Moura, que jogando com a repetição do 20 cria uma espécie de camada desbotada, uma sobreposição de pensamentos, a evocar o estado mental de cada um no final da noite. Plenos de cor e fantasias pop e/ou a transportarmo-nos para o universo da ficção científica encontramos os trabalhos de Laro Lagosta, Maga Atelier, quem não se lembra da imagem que criaram para uma das muitas vidas do Ritz Club, ou das propostas em hipertexto de Ricardo Martins e de celebração dos avatares tecnológicos de Filipe Matos.

A parede como veículo, talvez o tenha sempre sido, mas agora a pedir a gritos que se dê espaço a uma geração de ilustradores com muito para dizer. Queiramos estar atentos.

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20.XX.Vinte

22 de Novembro . 21 horas . Taberna das Almas (Regueirão dos Anjos, 70) . Bilhetes: €8 (com direito a um whisky Jameson

Evento – www.facebook.com/events/759638090774527

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