A trigésima quinta edição do Portugal Fashion denominada por Sprinkle fica marcada pela descentralização e pela fragmentariedade do local dos desfiles. Com o arranque a 22 de outubro na cidade de Lisboa, prosseguiu depois para o Porto “pulverizando” a moda pela cidade, com desfiles em diversos edifícios emblemáticos: Alfândega do Porto, o Palácio dos Correios, o Conservatório de Música do Porto e o Mosteiro de S. Bento da Vitória.
No primeiro dia do evento, a cidade do Porto viu Mafalda Fonsenca, Daniela Barros e Hugo Costa apresentarem as suas colecções.
Mafalda Fonseca, no âmbito do espaço Bloom, destinado para jovens promessas, apresentou coordenados de roupa masculina sob o tema T, colecção que pretende a saída do público masculino da sua zona de conforto. As cores escolhidas foram o burgundy, diferentes tonalidades de azul, o cinza e as texturas, conseguindo-se uma combinação perfeita com utilização de diferentes materiais e peças “oversized”.
No dia seguinte, foi a vez de Júlio Torcato mostrar as suas propostas para primavera/verão de 2015. Inspirada nos Cockneys (termo empregue a delinquentes e traficantes), usando cores neutras como o preto e o branco, com a recurso a padrões, calças subidas, fatos cintados e calções acima do joelho fizeram da colecção do designer trofense um tributo à elegância masculina.
Já Ricardo Preto, trouxe ao Portugal Fashion a colecção denominada de “o tempo e as alterações climatéricas", com peças de diversas cores e diferentes materiais, fazendo uma analogia com vários estados do tempo.
Katty Xiomara levou à passerelle a “wire frame”, uma colecção bem feminina, com a predominância do azul, laranja salmão e tonalidades claras, havendo um reforço da desconstrução de padrões geométricos, tendo em atenção pequenos pormenores, que acrescentam (em alguns casos) uma vertente clássica às peças apresentadas.
Quase a fechar o terceiro dia, Diogo Miranda mostra porque continua a ser um dos nomes mais esperados pelo público feminino. Desta vez, supreendeu com uma colecção que teve na sua génese o vestuário masculino usado nos sáfaris, mas transformado em looks vincadamente femininos e arrojados.
No último dia, uma reentrada no line-up com Nuno Baltazar a voltar a apresentar no evento. Com uma colecção pautada por coordenados sofisticados e delicados, que salientam a elegância feminina em que os volumes são constantes, tanto nos ombros como nas mangas, fazendo uma oposição aos aspectos fluídos. Na coleção, sob o tema Le Mépris, o filme de Jean-luc Godard, Nuno Baltazar apostou em cores como: o branco, o preto, o azul, o verde e ainda o vermelho, com pequenas anotações de gorgão e cristais.
Carlos Gil e Miguel Vieria apresentaram ainda nesse dia as suas propostas. Ambos os estilistas trouxeram o estilo sporty-chic para as passerelles. Carlos Gil fez do desfile um palco de um “jogo de ténis”, em que as modelos traziam consigo material e acessórios de desporto e ao mesmo tempo vestiam peças formais com padrões variados, geometrias complexas (como as bolas e os pontos) e peças fluídas. Já Miguel Vieira misturou o elegante e o descontraído, juntando vestidos e peças sofisticadas com ténis, fazendo jus à frase icónica de Coco Chanel “luxury must be comfortable, otherwise it's not luxury”.
Fátima Lopes encerrou o fim de semana da moda no Porto, com uma apresentação que pretende reunir a vertente criativa e a vertente comercial, pretendendo que a coleção “salte” da passerelle para a rua. Houve uma aposta nas transparências e nos padrões, conjugados com cores sóbrias como o preto e branco.
O Portugal Fashion contou ainda com a presença de Luís Buchinho, Anabela Baldaque e Estelita Mendonça. No âmbito do espaço Bloom, foram apresentadas as colecções propostas por jovens criadores como João Rôla, Catarina Santos, Carla Pontes e Eduardo Amorim. Contou ainda com a presença de marcas portuguesas de prestígio como Dielmar, Fly London, Vicri e Lyon of Porches.