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Fotografias: Alípio Padilha.

"O insustentável peso do ser"

É difícil explicar o que sentimos quando estamos perante Samuel Herring em palco. Primeiro dá-nos um soco no estomâgo. Depois abraça-nos com ternura e agarra-se a nós, até à sua presença se alastrar à mais profunda das nossas entranhas.

Os Future Islands, banda da Carolina do Norte da qual Samuel Herring é frontman, têm um percurso de quase dez anos, conquistado com quatro álbuns, mais de uma dezena de singles, Ep's, inúmeras e regulares actuações ao vivo, sempre memoráveis.

A opinião é unânime: ninguém fica indiferente às suas actuações. E é certo que os seus concertos deviam ter uma advertência: o consumo regular pode resultar em adição pura.

Ao ouvir a sua música, a atenção começa por centrar-se no som grave, cheio, ritmado, ora dissonante, ora harmonioso, carregado de paisagens, muitas vezes tempestuosas. As melodias são cheias de cores, sintetizadas e, de algum modo, são-nos familiares. Tansportam-nos inevitavelmente para outros tempos, mas sempre para lugares felizes. As palavras são roucas, sensuais, de extremos, carregadas de luz e sombra. E a electricidade que brota da voz e daquele corpo inquieto, forte, suado, torturado, parece querer tomar conta de nós. É aí, algures entre a inquietação de Ian Curtis, a profundidade de Tom Waits e a força bruta, mas terna, de Mike Patton, que encontramos Sam T. Herring.

Em temas como Vireo's Eye, Tin Man ou Seasons percebemos que o caminho que os Future Islands nos iluminam é o da entrega à dança e da redenção à música, simples, pura e crua. E, roubando as palavras a Sam, que a meio do concerto gritava e saltava frenético, a mim apeteceu-me também gritar a pulmões cheios, Can't Stop! Won't Stop! O que é certo é que fica. Apetece.

Hoje acordei e só penso em quando poderei tomar mais uma dose. Uma e outra vez.

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