Está quase a arrancar a segunda parte da programação do Próximo Futuro. Ao longo do mês de setembro, na Fundação Gulbenkian mas também noutros palcos de Lisboa, o Próximo Futuro promete não nos dar descanso com uma grande variedade de espetáculos de teatro, dança, música e cinema.
Em coapresentação com o Festival Santiago A Mil (Chile), o Próximo Futuro traz a Portugal três espetáculos: Otelo, um clássico de Shakespeare numa versão de teatro de marionetas pela companhia do consagrado ator, dramaturgo e encenador Jaime Lorca; La Reunión, uma criação de Trinidad González que parte de um facto histórico – quando os Reis Católicos decretaram a prisão de Cristóvão Colombo – para questionar as relações de poder entre os homens; e Escuela,o mais recente trabalho do encenador Guillermo Caldéron, presença recorrente na programação de teatro do Próximo Futuro (Neva, 2010 e Villa + Discurso, 2011), sobre quatro jovens militantes que na década de 80 recebem formação paramilitar para derrubar o regime de Pinochet.
Otelo. Fotografia: Rafael Arenas
No Palco do Grande Auditório Gulbenkian o Próximo Futuro apresenta dois espectáculos inéditos: IN-ORGANIC, da coreógrafa brasileira Marcela Levi, e Puto Gallo Conquistador, da criadora uruguaia Tamara Cubas.
IN-ORGANIC. Fotografia de Cláudia Garcia
A produção nacional de teatro está presente nesta programação com duas estreias: As Confissões Verdadeiras de um Terrorista Albino, um retrato autobiográfico dos anos de cárcere do autor sul-africano Breyten Breytenbach, encenado por Rogério de Carvalho com o Teatro Griot; e Pedro Páramo, obra do mexicano Juan Rulfo que o Teatro Meridional põe em cena, com direcção de Miguel Seabra, reunindo um elenco que conta com Natália Luiza, Ivo Canelas e Romeu Costa, entre outros.
Pedro Páramo. Fotografia de Nuno Figueira
Na música, vamos poder ver no Anfiteatro ao Ar Livre da Fundação Gulbenkian o espetáculo Eterno Pixinguinha, em homenagem ao compositor, instrumentista, regente e arranjador que se tornou um dos pilares da moderna música popular brasileira. Sob direção artística de Paulo Aragão, será recriada a sonoridade do “Pessoal da Velha Guarda”, um programa de rádio que marcou o panorama musical brasileiro nas décadas de 1940 e 50, e onde Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Filho, 1897-1973) demonstrou todo o seu génio e virtuosismo enquanto músico, maestro e orquestrador.
Pixinguinha, Rio de Janeiro, 1967. Fotografia de David Drew Zingg
No cinema, será projectado também no Grande Auditório, em estreia mundial, o documentário No Reino Secreto dos Bijagós, primeira parte de um trabalho de pesquisa levado a cabo pelo histórico realizador guineense Sana Na N'Hada e pelo produtor português Luís Correia (Lx Filmes). O filme propõe uma viagem ao geograficamente isolado arquipélago dos Bijagós, pertencente à Guiné-Bissau, para conhecer o seu património natural e cultural, um mundo mágico e singular cada vez mais ameaçado pelo contacto com o exterior.
Até 7 de setembro ainda pode ser visitada na Fundação Gulbenkian a exposição Artistas Comprometidos? Talvez, com curadoria de António Pinto Ribeiro, que o Próximo Futuro inaugurou em junho, reunindo mais de duas dezenas de obras de artistas contemporâneos da América Latina, África e Europa, para questionar de que forma pode o artista comprometer-se num mundo globalizado.