BOA-VIDA

  • none
  • none
  • none
  • none
  • none

A cidade de Sevilha tem muito mais interesses do que touradas ou flamenco. Pelo menos um fim de semana é suficiente para começar a descobrir estas atracções. Algumas mais conhecidas que outras.

A viagem que fiz foi de carro. Saí de Lisboa em direcção a Beja e Serpa, cruzei a fronteira por Aroche, rumo a Aracena, já em Espanha. Uma paisagem bucólica e delicada, mas advirto que melhor apreciada nas estações mais frias.

O verão na Andalusia é à séria. A capital portuguesa fica a mais ou menos 400km de Sevilha e numa tarde se faz o trajecto. Pelo caminho são poucas as cidades espanholas, pequenas mas apreciáveis, pois atravessámos algumas. Sevilha tem hotéis interessantes a preços não tão salgados como no leste da Península. Uma opção barata é hospedar-se em Triana, que se encontra a uma curta distância a pé do centro histórico.

Também foi em Triana que encontrei as melhores tapas e montaditos que já comi. Come-se bem e barato e esta pode ser a opção para a noite de chegada. Para ir ao centro cruza-se o rio Guadalquivir, que corta a cidade e tem passeios pela marginal que podem ser super agradáveis, destacando-se o Paseo de las Delicias. O rio, que já foi chamado de Betis em tempos idos, tem uma importância fundamental para a ocupação humana da região.

O Museu Arqueológico, na Plaza de América, no belíssimo Parque Maria Luisa, vai dar-lhe dar muitas informações sobre o assunto, com diversas descobertas das comunidades que se formaram na área. A surpreendente cultura de Tartessos, ou da Turdetânia e o tesouro de Carambolo são destaques do museu, assim como a qualidade dos objectos romanos, especialmente pisos e artefactos tridimensionais. O próprio parque que abriga o museu merece que se demore mais na visita.

A Catedral de Sevilha é por sua vez uma opção conhecida; é imponente, com diversas portas específicas de entrada e foi nela que o portuense Pedro de Escobar serviu como mestre de capela em inícios do século XVI. Mas a vedeta ali é a sua torre, chamada La Giralda. Ela teve o início da sua construção no século XII pelos muçulmanos e foi terminada séculos depois já no contexto cristão, exibindo o estilo mudéjar.

Perto de ali encontra-se o Alcazar de Sevilha. Obra arquitectónica absolutamente deslumbrante, pela decoração dos seus cómodos, mas igualmente pelos seus jardins. Constituído a partir de um edifício primeiramente erigido no início do século X, adquire importância gradual até passar a mãos castelhanas em meados do século XIII. Nesta morada descobrirá ainda que a programação cultural do espaço consiste em concertos de música erudita e exposições. Será mais interessante se programar a visita para aproveitar ao máximo sua permanência no espaço. Algo para se contemplar sem pressas.

Há um bom museu de Belas Artes na cidade e o menos conhecido Centro Andaluso de Arte Contemporânea, que ocupa as dependências de um antigo mosteiro, a Cartuja de Las Cuevas. Ali está abrigada uma colecção permanente, mas podem ver-se frequentemente exposições temporárias de artistas internacionalmente famosos. De todas as indicações aqui, que podem ser alcançadas a pé, o CAAC é o mais distante da região central. Embora fique próximo de Triana, está um pouco isolado, especialmente à noite. Tente ir de dia ou fazer o caminho a partir do centro da cidade. Esporadicamente há vernissages, que costumam ser bastante animadas.

Se ainda cabe algo no fim de semana em Sevilha, aproveite para ver o Bairro de Santa Cruz e seu casario pitoresco. O bairro abrigou etnias não cristãs em diferentes fases da sua existência e conserva um aspecto singular, que pode lembrar o Albayzin em Granada, ou Alfama e Mouraria em Lisboa. Antes de voltar, lembre-se de percorrer a avenida ao longo do rio. Será uma saída triunfal.

Boa-vida

Newsletter

Subscreva-me para o mantermos actualizado: