Presente: Entra-se na sala do Maria Matos e vê-se no palco uma palete cercada por lâmpadas de várias cores, que fazem lembrar uma pequena feira de aldeia do interior meio improvisada.
Este espaço minimal será o lugar onde Cathy Naden e Robin Arthur, dois actores da Forced Entertainment, uma companhia de Sheffield considerada pioneira no teatro contemporâneo pelas suas performances disruptivas, irão fazer-nos viajar ao futuro especulando sobre o que o amanhã pode trazer, imaginando diversos futuros hipotéticos e rocambolescos.
Honestamente, e aqui que ninguém nos ouve, dei por mim a pensar que muitos destes futuros fantasiosos e distópicos até fazem algum sentido, tendo em conta a forma como nos relacionamos actualmente.
Ora fala um, ora fala outro, entrando quase sempre numa mini competição de "eu é que sei sobre o futuro, não tu" e em conjunto constroem pequenas narrativas de optimismo e desespero, exploram visões utópicas e distópicas, traçam enredos de ficção científica e lançam fantasias absurdas, num olhar sumarento sobre os medos e expectativas que habitam o futuro.
Curiosamente grande parte das suposições são negativas, ou melhor são enquadramentos sociais cinzentos e frios que até fazem algum sentido, mas que pela sua promiscuidade exagerada nos rimos e pensamos "hum.. sim, até é possivel, mas quando isso acontecer eu já não estarei cá, por isso até tem piada". As poucas abordagens optimistas do futuro, são basicamente o que consideramos actualmente assuntos utópicos e hemisféricos construídos sob efeito de um ácido.
Há um toque de humor inteligente, tipicamente britânico em quase tudo o que dizem...
"... in the future there will be no sex has we know it... people will do it but in a nostalgic way, like Christmas and Easter..."
E algo mordaz...
"... in the future we'll have one human sexual partner and one animal sexual partner..."
Tomorrow’s Parties é optimista na sua versão mais pessimista e faz-nos reflectir um pouco sobre a nossa existência e função...
"...in the future people will live no more than one day, and in that day they will produce so much garbage and buy unuseful things... or ... people will live no more than one hour..."