JOALHARIA

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"Joalharia medicamente prescrita” traduz uma nova abordagem à jóia, desviando o conceito de valor e luxo para um debate sobre ciência medica e body design iniciando a produção de objectos requintados e impactantes, portadores de emoção e sensualidade, mas, ao mesmo tempo, dando origem a fortes comentários sociais, gerando assim uma discussão sobre a nova direcção dos rituais sociais, relação entre design e ciência e sobre os problemas que surgem quando a estética se liga a ética.

Tendo como ponto de partida a fusão entre anatomia, medicina e joalharia, este projecto foca-se na manipulação de objectos e materiais médico-cirúrgicos e suas réplicas, de forma a criar objectos/jóias intimamente relacionadas com o corpo humano, nunca existindo dissociação das suas funções originais.
Esta pesquisa propõe o estudo e desenvolvimento de uma conexão coerente e coesa entre joalharia e temas médicos/cirúrgicos através da exploração de ortóteses e próteses, tanto internas como externas, recolocando-as num ponto de vista artístico.

Assumindo o corpo como um objecto de redesenho, esta tese foca-se no corpo e na ciência, e em até que ponto a joalharia e tecnologia podem juntar-se de forma a questionar as relações para com o próprio corpo humano. A intenção é assim indagar o que é joalharia e em que pode ainda vir a tornar-se, que posição assume perante o mundo e quais a futuras performances que vira a tomar. É então proposta uma visão semi-fetichista perante a hipótese de transformar a prótese implantada numa peça de joalharia intra-corporal, desafiando o conceito convencional de ambas.

Tendo em conta os presentes e futuros avanços a nível biotecnológico que permitem a práxis de um objecto penetrar e perfurar pele e tecido celular subcutâneo, e a possibilidade de inserção de outros materiais num nível mais profundo dentro do corpo, o objectivo é transformá-lo numa superfície manipulada que carrega a equivalência ambígua entre corpo e manequim e o seu interior representado como uma cripta, reconfigurando o individuo. Consequentemente, tentar, de alguma forma, minimizar ou desviar o efeito negativo resultante da mutilação inerente a qualquer cirurgia.

É devido a esta percepção fetichista da habilidade consciente e inconsciente de aceitar a introdução de corpos estranhos no corpo humano, mesmo que por razões de saúde, que são desencadeadas emoções que provocam, por vezes, sensações inexplicáveis​​. Esta teoria da emoção dentro da relação corpo/tecnologia – objecto, permite a proposta da fusão da implantação científica da prótese com o novo e original conceito de joalharia interna ou mesmo o que poderá ser chamado de “adorno de auto - satisfação”.

Como uma hipervalorização das circunstâncias, e implorando auto-prazer e re-projecção do corpo, emerge o potencial de adornar e personalizar a prótese, tornando-a numa peça de joalharia requintada que não é usada para cenário publico mas sim pelo que significa para o utente. Assim sendo, o indivíduo tem controle sobre a manifestação da sua identidade e na qual a pessoa pode transformar-se consoante a sua filosofia pessoal e provável critica dos pré-conceitos actualmente predominantes na nossa sociedade.

Esta dialéctica fetichista entre invisibilidade e visibilidade, esconder e revelar, negação e divulgação, perda e aumento, permanece nas fronteiras inconstantes que a psicanálise reuniu entre consciente e inconsciente, ego e id, e que habitam na misteriosa sobreposição do eu e do outro. A intenção é então transformar o detestado em desejado, mudar a resposta de rejeição para atracção.

Biografia
Olga Noronha nasceu no porto a 01 de janeiro de 1990. aos 11 anos de idade deu os seus primeiros passos na joalharia contemporânea, frequentando a escola Engenho & Arte, e, após finalizar o ensino secundário na escola secundaria artística soares dos reis, rumou a londres. em 2007, aos 17 anos, na Central Saint Martins College of Art & Design, iniciava um foundation course in Art & Design.
O seu trabalho foi considerado o melhor desse ano, e assim adquirido pela faculdade para integrar o seu espolio privado. Licenciou-se em design de joalharia pela Central Saint Martins College of Art & Design, em 2011 e foi admitida investigadora de design do Citad (Centro de Investigação em Território, Arquitetura e Design – FCT) no mesmo ano. Concluiu mestrado de investigação em design na Goldsmiths College, University of London, com Distinction, em 2012, onde, actualmente, frequenta o segundo ano de doutoramento, desenvolvendo a sua tese “to what extent can jewellery, science and technology come together in relation to the human body? – medicaly prescribed jewellery”.

Exposição Joalharia Medicamente Prescrita
Até 2 de Novembro
Galeria Municipal de Matosinhos
2ºa 6º feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00às 17h30

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