Eduardo Nery e Noronha da Costa
Curadoria de Miguel Matos
Com uma grande distância a nível temporal, a pintura de Noronha da Costa encontra-se com a de Eduardo Nery e da junção das duas nasce “Aurora”, uma exposição que funde as obras de dois artistas com percursos pictoricamente paralelos. Expuseram lado a lado em 1973, mas devido a contingências da vida os dois artistas perderam o contacto pessoal, voltando a encontrar-se agora na Galeria António Prates. Nery inicia a sua fase de pintura a spray em 1979, terminando-a em 1991. Já Noronha da Costa, que pinta a spray desde sempre, começou a fase apresentada nesta exposição mais recentemente, em 2005. “Aurora” nasce como um amanhecer ainda encoberto pela neblina presente nas obras de Nery e Noronha, revelando um fenómeno óptico como se estas fossem compostas por um brilho celestial. A diluição da imagem através da técnica do spray une os dois criadores que têm o dom da tridimensionalidade. Noronha da Costa falsifica perspectivas abrindo janelas consequentemente sobrepostas, criando ilusões de volumes e sombras, transmitindo assim a tridimensionalidade e ilusão óptica muito presente na sua obra. Nelas observamos imagens difusas, neblinas e céus crepusculares. São essas ilusões que levam à apreciação sensorial, abrindo assim uma janela de múltiplas interpretações que estabelecem a ponte entre o seu trabalho e de Eduardo Nery. Com as suas paisagens cósmicas de efeitos tridimensionais Nery confronta o espaço e a luz através de texturas que transmitem a sensação de um espaço ilimitado, apenas tendo o seu fim devido ao encarceramento através da moldura. Como se nas imagens estivesse contida uma energia prestes a explodir para fora dos limites do papel.
Em exposição na Galeria António Prates até 31 de Julho.
Rua Alexandre Herculano 39 A, em Lisboa
www.galeriaantonioprates.com