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Umbigo #91

A edição #91 encerra o ciclo de publicações planeado pela Umbigo para 2024, desta vez com o tema dedicado ao Desaparecimento. O que à primeira vista leitura pode parecer algo vagamente pessimista, num segundo momento ganha uma outra interpretação – a da resistência ao esquecimento, ao apagamento e à incúria, explorando, por essa via, os campos da ontologia, da história política, dos ecossistemas, da ecologia, das lutas pós-coloniais e da arqueologia.

Em destaque, o projeto curatorial de Paula Nascimento, Constellations of Dust, profundamente arreigado no arquivismo, na (re)construção da memória e no modo como a construção da História permanece um território fértil para a arte contemporânea. Estão contempladas nesta exposição obras de Aline Motta, Christian Salablanca Díaz, Dimakatho Mathopa, Tuli Mekondjo, Sabelo Mlangeni e Helena Uambembe.

Fazem capa deste número o Art Project de Edson Chagas, que olha também para o seu arquivo e propõe um novo diálogo entre as séries Tipo Passe e Oikonomos, e Adrian Paci, cuja obra incide frequentemente sobre a migração, o exílio, a guerra, a pobreza, a família e as políticas do quotidiano. Na contracapa, um detalhe da instalação She Still Wears Kohl and Smells Like Roses, de Dima Srouji, em exposição no Victoria and Albert Museum.

Nos ensaios escritos, a dupla Variable Name debruça-se sobre o património hídrico ucraniano, frequentemente esquecido nas análises bélicas mundiais e regionais, e como as margens do Darnytsia podem servir de inspiração para a reparação de uma paisagem esquartejada; Christiane Vollaire e Philippe Bazin propõem uma investigação sobre os bairros operários e as políticas da visibilidade e da invisibilização; recorrendo ao humor fino e irónico que o caracteriza, Álvaro Domingues incide sobre os agora mais que evidentes problemas das democracias liberais, do capitalismo, do neoliberalismo e do que apressada e erradamente fora anunciado por Francis Fukuyama, em 1992, como o Fim da História; Jonata Vieira explora a catástrofe ecológica a partir do Brasil e da Amazónia; Lior Zisman Zalis analisa alguns dos episódios mais marcantes no ativismo pós-colonial, dentro do campo museológico e das muito debatidas questões das devoluções e reparações históricas; e Renny Pritikin medita sobre o repto proposto pela Umbigo, recorrendo às obras de Trevor Paglen, Rachel Whiteread ou Lee Walton.

No que aos ensaios visuais diz respeito, Daniel Moreira e Rita Castro Neves recordam o trauma dos campos calcinados, em setembro de 2024, pelo fogo na aldeia de Macieira; Gabriel Ribeiro regista as experiências com fitogramas, apresentando uma série de imagens que se constituem através do próprio desaparecimento, ao mesmo tempo que criam uma espécie de linguagem apensa ao ruído, aos arranhões e ao apagamento de informação; e Irineu Destourelles especula sobre o caráter propositivo, crítico e dissonante da curadoria de exposições, tendo em conta os diversos contextos que jogam a favor de uma crítica pós-colonial ou de-colonial: instituições, artistas, coleções, etc.

Em entrevista a Josseline Black, Adrian Paci reflete sobre a sua obra e as problemáticas que a circundam; e Kalas Liebfried conversa com Patrik Thomas e Mathias Reitz Zausinger a respeito do documentário Boalândia e das práticas comunitárias de visionamento e realização de películas documentais.

Francisca Carvalho é a artista responsável pelo Projeto Desenho, apoiado pela Fundação Carmona e Costa; Francisca Pinto assina Dentro e Fora, no Projeto Intercâmbios, com o apoio da FLAD; e Hugo Brazão encerra aquele que será o último projeto Diálogos, mergulhando nas paisagens culturais, temporais, geográficas e oceânicas, nessa finisterra de seres imaginários que se precipita diante do Farol do Cabo Espichel.

Nas extensões, a exposição de Noé Sendas com a curadoria de Ana Anacleto na Brotéria; a Bienal CONTEXTILE, com o ensaio de Susana Milão a respeito do tema que marca esta edição, TOUCH; e o programa curatorial gizado por Ana Rito para a Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira.  Na UmbigoLAB, destaque para a exposição Enquanto Isso // Meanwhile, dos alunos do Alunos do Mestrado em Estudos Curatoriais do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.

Conte ainda com as habituais secções Conversation Piece, na qual o curador João Silvério destaca as obras de Marta Soares e João Louro patentes na Coleção da Fundação PLMJ; Técnica mista sobre papel, onde Luísa Salvador aborda a obra de Richard Long, A Line Made by Walking, de 1967; Deep Learning, com sugestões de leituras que ajudam a descodificar algumas das matérias que estiveram na origem desta edição; e o poema que abre a revista, desta vez assinado por Guilherme Vilhena Martins.

Em exclusivo na edição portuguesa, o jornal Umbigo Online #4, que encerra a colaboração entre a Umbigo e o CIEBA, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Com design de Diogo Lourenço e João Pedro Costa, e a direção de Sofia Leal Rodrigues, Sónia Rafael e Vítor M Almeida.

Obrigado e votos de excelentes leituras!

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