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Paula Parisot apresenta a sua primeira individual em Portugal

Entre a literatura, a performance, o desenho, o vídeo e a pintura, a artista brasileira contemporânea Paula Parisot tem construído uma trajetória sólida a partir da sua cidade natal, Rio de Janeiro, e de eleição, Buenos Aires. Com uma abordagem eminentemente eclética, que mistura e experimenta diferentes media, técnicas, formas e cores, talvez ainda se possa destacar, do seu início através da escrita, uma atenção especial à importância das narrativas e à multiplicidade de expressões no mundo.

Relacionadas à sua obra literária – da qual vale mencionar A Dama da Solidão, finalista da mais tradicional distinção brasileira no campo da literatura, o Prémio Jabuti –, Parisot já realizou diversas exposições individuais, passando por instituições como a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, o SESC, em São Paulo, e, em 2021, a 3.ª edição da BienalSur – Bienal Internacional de Arte Contemporáneo del Sur. Agora, numa espécie de nova continuidade das texturas estéticas que vem explorando desde então, regressa a Lisboa – cidade que já visitou em 2018, no âmbito do festival DocLisboa, com a série de vídeos Crucigramista, a América Invertida – para apresentar Espejismos (Miragens), a sua primeira mostra individual em Portugal.

Sob curadoria de Victor Gordulho, a Sociedade Nacional de Belas Artes reveste-se dos seus quadros e instalações vibrantes, pintados de azul e vermelho, num contraste que se vai tecendo e conservando por cada uma das salas e as mais de vinte peças que compõem a mostra, muitas das quais inéditas. Com motivos circulares, formas contentoras, padrões densos de detalhes e referências referências ao sangue, à sensualidade, ao poder e à violência, Parisot faz alusão aos corpos e aos ofícios atribuídos ao feminino, tencionando um diálogo com a história da arte feminista latinoamericana.

Demarcando a indispensabilidade que tem a palavra e a experiência situada do ser mulher no seu percurso artístico, a artista pensa o feminismo, hoje, como uma espécie de vocabulário para as suas relações. Uma linguagem que torna possível a conexão das suas memórias íntimas com uma vivência e uma luta coletivas. Por isso, numa das obras estreadas em Espejismos (Miragens), intitulada DesConcerto, convida também outras vozes para pensar – e quebrar – o silenciamento histórico das mulheres, no contexto específico do Sul das Américas: a fotógrafa mexicana Tatiana Parcero, que registrou todas as manifestações de rua pró-aborto na Argentina e no México; a atriz argentina Thelma Fardin, que partilha a sua história brutal de um momento de violação; a ativista brasileira Dani Santana; a escritora Cecília Szperling e a bailarina e coreógrafa Letícia Mazur, ambas argentinas.

Espejismos (Miragens), de Paula Parisot, está patente na Sociedade Nacional de Belas Artes, com entrada livre, até 9 de março de 2024.

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