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Arte Box in the Bag

O Arte Institute, organização sem fins lucrativos fundada em 2011, tem como grande missão promover e divulgar a cultura portuguesa contemporânea, nas suas diferentes áreas e por todo o mundo, criando diálogos interculturais, que por sua vez serão geradores de novos espaços de criação e pensamento.

O projeto Arte Box, aqui abordado, espelha bem essa intenção de promoção e divulgação aliada à crença de que o modo como expomos condiciona fortemente o envolvimento e o compromisso do público com as artes. É alinhado com essa noção que o Arte Box expõe obras de artistas portugueses contemporâneos em três aeroportos: Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa; Dulles International Airport, em Washington; e Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. A estas ações de internacionalização da arte contemporânea portuguesa juntou-se a ideia de desafiar quatro cidades do nosso país a mostrar obras de artistas locais. São elas Leiria, Alcobaça, Nazaré e Cascais. Nesta fase do projeto, que aqui abordamos, o Banco das Artes Galeria, em Leiria, optou por também convidar os artistas dos outros três municípios o que deu uma nova face a este projeto: a provocação de um diálogo interno, do ponto de vista nacional e, claro está, intermunicipal. O continuar de uma viagem encetada nos aeroportos do Mundo e destino em Leiria, como aliás podemos ler nas paredes do espaço expositivo.

Deste modo, foi com a curadoria da diretora do Arte Institute, Ana Ventura Miranda, que a exposição Arte Box in the BAG trouxe a Leiria o trabalho de 25 artistas nacionais. Nas palavras da curadora “a linha condutora desta mostra é a contemporaneidade nas suas mais variadas aceções. Da fotografia ao barro; da cortiça à tinta; da pedra à tela: é no pluralismo da criatividade que se forma a identidade nacional cultural de hoje.”

Pintura, escultura, desenho, fotografia e instalação são as técnicas presentes nesta exposição. A diferença de proveniências e mitologias entre os autores representados é notória, no entanto podemos perceber dois grandes grupos. Se alguns trabalham perto de uma ideia de representação do visível, captando uma certa essência do real, (neste campo, destaco a obra Desafio, de Sílvia Patrício, onde o olhar da personagem representada ganha uma presença escultórica no contacto com o espectador – talvez esta seja a obra mais política de toda a exposição) outros efetivam abordagens mais conceptuais, explorando as noções de descontextualização e espacialidade, como em 4 áreas de um outro lugar, de Luís Plácido Costa. Também a arte bruta ganha aqui o seu espaço, graças à presença de trabalhos algo desamarrados dos habituais signos da arte contemporânea. Destaco Retratos da minha amiga, de Artur Pinto.

A Câmara Municipal de Cascais convidou a CERCICA – Cooperativa para a Educação, Reabilitação e Capacitação para a Inclusão em Cascais, que desenvolve o seu trabalho artístico desde 1976 a partir da sua Oficina de Artes Plásticas, direcionada especificadamente para a expressão plástica, trabalhada com crianças e jovens com deficiência intelectual e incapacidade. Nesta exposição, podemos encontrar trabalhos de Artur Pinto, Osvaldo Miel, Bernardo Mendes, José Jorge Monteiro e Helder Rodrigues. Mónica Capucho e Ana Sério, que vivem e trabalham em Cascais, foram as artistas convidadas pelo Arte Institute.

O Município de Alcobaça optou por dar a ver trabalhos de Carolina Correia, Cheila Peças, José Aurélio, Gabriel & Gilberto Colaço, Thierry Ferreira e Luís Plácido Costa.

A Câmara Municipal da Nazaré escolheu apresentar os trabalhos de Ricardo Bravo, facilmente conotados com o mar e as famosas ondas da região de onde o artista provém.

Leiria, o município anfitrião, alinhado com aquele que tem sido o projeto da região em apostar cada vez mais na arte contemporânea, apresentou os trabalhos de José Varatojo, Abílio Febra, Mário Lopes, Pedro da Fonseca, Rita Gaspar Vieira e Sílvia Patrício.

Por último, para além dos municípios convidados pelo Arte Institute, a Fundação Millenium BCP e a Associação “Era Uma Vez” foram também convidadas a incluir artistas. A primeira optou por apresentar duas serigrafias, uma de Menez e outra de Maluda, enquanto que a segunda decidiu dar a ver um trabalho da artista Joana Santos.

Concomitantemente a um trabalho que será certamente de expansão e que pretenderá levar este projeto a outros patamares, a exposição Arte Box in the BAG poderá ser visitada no BAG – Banco das Artes Galeria, em Leiria, até ao dia 18 de fevereiro de 2024.

Daniel Madeira (Coimbra, 1992) é licenciado em Estudos Artísticos pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Estudos Curatoriais pelo Colégio das Artes da mesma universidade. Coordenou, entre 2018 e 2021, o Espaço Expositivo e o Projeto Educativo do Centro de Artes de Águeda. Atualmente, colabora com o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC).

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