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Todo o visível vem do invisível no Espaço Coleção da Fundação Altice

Todo visível vem do invisível inaugura o Espaço Coleção, da Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice. Com curadoria de Adelaide Duarte, a exposição conta com obras de Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Cabrita, Diogo Pimentão, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Helena Almeida, Inês Botelho, Joaquim Bravo, Joaquim Rodrigo, João Vieira, Jorge Martins, Júlia Ventura, Mafalda Santos, Maria José Oliveira, Pedro Cabral Santo, Rita Barros e Rui Sanches.

Aproximando diferentes gerações, Todo visível vem do invisível traz artistas referenciais no desenvolvimento da arte em Portugal. A grande representatividade de linguagens e o diálogo entre artistas consagrados – que influenciaram o desenvolvimento de estéticas posteriores, determinantes para o que é chamado de pós-modernismo e os movimentos de vanguarda no país – com artistas mais jovens, refletem e expandem as linhas de interpretação da própria Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice.

No corredor inicial, Pedro Cabral Santo e Mafalda Santos, com duas obras que trabalham a comunicação associada à rede. Em Sem título (2006), as pinceladas de Mafalda Santos incorporam um dinamismo que dá movimento à pintura e em Deep blue (a secret emotion) (1999), Pedro Cabral Santos aproxima-se da tecnologia com o ecoline azul, que é acionado na presença do espectador, desenhando o submarino a afundar em Deep blue (a secret emotion) (1999). O título da exposição, Todo visível vem do invisível, vem da obra de Jorge Martins, que por sua vez cita o poeta alemão Novalis na pintura de 1973, enquadrando a linha de luz que se desloca do azul para o vermelho. A seguir, em Estudo para um enriquecimento interior (1977-1978), Helena Almeida faz desaparecer a linguagem da pintura ao engolir suas pinceladas azuis. Em proximidade, estão os compassos gestuais de Ana Hatherly, em Sem título(1972).

O Auto-retrato: Fifteen years: Chelsea Hotel (1992), de Rita Barros, traz referências que passaram pelo icónico ambiente, onde a artista viveu durante um tempo, em Nova Iorque. Aproximando-se da pop art, a fotografia retrata alguns elementos e artistas do movimento em composição com objetos quotidianos. Júlia Ventura também apresenta um auto-retrato, no qual questiona estereótipos de representação da figura feminina na série Geometrical reconstructions and figures with roses (1987). A perspetiva arquitetónica de Inês Botelho em Sem título (2001) e as manchas de luz criadas pelas linhas em grafite na Fricção entre dois corpos (2004) de Diogo Pimentão acompanham Maria José Oliveira, que conduz o fogo criando ritmos no papel e atraindo o espectador para uma dimensão além em Mas onde nós estamos é a luz (2003). Alberto Carneiro, referencial no desenvolvimento da land art em Portugal, traz o fogo no título do trabalho, um tronco de árvore do teto ao chão da galeria, intitulado Sob o fogo I (1996-1998).

Fernando Calhau, em #50 (1988), tenciona matérias contrastantes numa composição horizontalizada por dois retângulos, a abstração prolonga-se ao minimalismo de Ângelo de Souza, construído com linhas cruzadas sobre planos monocromáticos em Cruz vermelha (1998) e C-2-2-Q (1998). Rui Sanches traz pontos de luz e sombra no mapa geométrico de Sem título (1999). Eduardo Batarda trabalha a utilização da palavra e a crítica satírica entre imagens orgânicas e abstratas em Nothing really (1997) e está em proximidade com Álvaro Lapa, que também incorpora a palavra em Que horas são que horas – descrição de um abismo (1975), assim como Joaquim Rodrigo em Lisboa – Vitória (1970). João Vieira sobrepõe letras gráficas recortadas em vidro acrílico em PGTL (1999), a seguir das tramas coloridas e verticais de Joaquim Bravo, em Sem título (1983). Os pares de círculos em preto e branco de Cabrita atraem como um íman o olhar do espectador e a exposição termina com Alexandre Estrela, que reflete de maneira conceptual sobre o vídeo e o movimento do olhar, em Lazy Eye (1998).

A experimentação plástica, a palavra enquanto matéria de trabalho e reflexão, a performatividade e o corpo na representação e na relação com a obra de arte são algumas questões convocadas pelos artistas presentes em Todo visível vem do invisível, patente no Espaço Coleção da Fundação Altice até ao dia 31 de agosto de 2023, no Fórum Picoas, em Lisboa.

Ana Grebler (Belo Horizonte - Brasil) é artista, curadora e escritora. Graduada em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG - Escola Guignard) e pós-graduada em Curadoria de Arte na Universidade Nova de Lisboa (FCSH). Participou de exposições coletivas no Brasil e organizou as exposições Canil (2024), Deslize (2023) e O horizonte é o meio (2022), em Lisboa. Colabora com a Umbigo Magazine com ensaios, críticas e entrevistas, e atua nas parcerias internacionais da plataforma. Na intersecção de práticas, reflete sobre a cultura visual contemporânea criando diálogos e imaginários entre espaços e processos artísticos em cruzamento. Atualmente vive e trabalha em Lisboa.

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