Arquiteturas Film Festival 10ª Edição – Onde a vida acontece
“Onde a vida acontece” é o tema da 10ª edição do Arquiteturas Film Festival.
Falar de arquitetura através dos seus utilizadores é a discussão lançada na 10ª edição do Arquiteturas Film Festival, organizada pelo INSTITUTO, sob a direção do arquiteto Paulo Moreira. “Onde a vida acontece”, procura pensar a arquitetura para lá da forma construída, encarando-a do ponto de vista de quem habita os seus espaços. Trata-se portanto de “uma perspectiva menos especialista da arquitetura. Um formato mais acessível a qualquer tipo de público”, como refere o diretor do festival.
Entre os dias 27 de junho e 01 de julho, o Porto contará com uma rica programação que, para além da projeção de filmes, integra debates, passeios e instalações que acontecerão em vários espaços espalhados pela cidade. “Sempre me interessou o que está à volta dos filmes, ou seja, como é que os filmes podem despoletar conversas, debates, etc” afirma Paulo Moreira.
Ao contrário de edições anteriores em que a programação se cingia a um único espaço, este ano optou-se por abrir o festival à cidade articulando vários pontos separados por curtas distâncias, percorríveis a pé, onde terão lugar os vários acontecimentos. “Gostamos da ideia de criar uma rede entre os vários espaços. Assim a experiência do festival é o próprio percurso na cidade”. O festival estrutura-se segundo três eixos – Programa Oficial, Programa da Instituição Convidada e Programa de Competição.
O Canadian Centre for Architecture (CCA) é a Instituição Convidada e apresentará uma trilogia documental concebida por Giovanna Borasi, realizada por Daniel Schwartz e produzida pelo CCA. What it Takes to Make a Home (2019) e When We Live Alone (2020), são os dois primeiros filmes que compõem essa trilogia, e serão exibidos na pré-abertura do festival. Já o filme que encerra a trilogia, Where We Grow Older (2023), estreará mundialmente na sessão de abertura do festival, seguindo-se uma conversa com Giovanna Borasi, Daniel Schwartz e Paulo Moreira.
Outra estreia mundial será o documentário De volta à Cidade (2023) realizado por Sara Nunes, acerca do processo de reabilitação do Mercado do Bolhão, no Porto, que acontecerá também no Batalha Centro de Cinema. O filme A Morte de Uma Cidade (2022) de João Rosas que acompanha a reconstrução de um edifício no Bairro Alto registando os testemunhos e aspirações dos trabalhadores da obra, aborda a transformação urbana do centro de Lisboa e procura complementar as questões lançadas pelas sessões anteriores, trazendo uma perspectiva nacional aos temas em discussão. “Pareceu-me interessante trazer Lisboa para o festival conferindo-lhe o sentido nacional que lhe é inerente” refere Paulo Moreira.
Todas as sessões e eventos acontecerão em sequência sem sobreposições, permitindo o seu visionamento integral, havendo espaço e sendo promovida a partilha de experiências, testemunhos e opiniões através de conversas, debates e “drinks with directors”, que acontecerão todas as noites no INSTITUTO convidando o público a conversar com os participantes do festival.
Haverão ainda passeios guiados aos edifícios dos Albergues e Mercado do Bolhão, ambos projetos de reabilitação da autoria do arquiteto Nuno Valentim, seguidos da exibição de filmes sobre as vidas de ambos os edifícios e de um debate com a realizadora Sara Nunes, o arquiteto e utilizadores dos dois edifícios. No Batalha Centro de Cinema terá lugar uma sessão de filmes da coleção do CCA e na Circo de Ideias, o debate “Filme & Publicação”, também organizado pelo CCA. No INSTITUTO, poderá ser vista uma instalação, que questiona “Que papel pode ter o filme como ferramenta curatorial?” que é ativada através dos “brindes ao almoço” com convidados do panorama nacional e internacional e membros do CCA.
Para além disto, apresenta-se na Casa Comum o resultado da seleção de 19 filmes (de 16 países diferentes), dos 183 recebidos na Open Call desta edição. No dia 30 de Junho, serão entregues prémios nas categorias de “Melhor Documentário”, “Melhor filme Experimental”, “Melhor Ficção”, “Consciência Social” (procurando reconhecer filmes que abordem questões de justiça social e espacial, igualdade e diversidade cultural) e “Prémio do Público” (o público é convidado a votar após cada sessão). O júri será composto por Didier Fiúza Faustino, Francisco Lobo, Sara Nunes, Cristina Monteiro e Nuno Coelho. No dia seguinte ao anúncio, os filmes vencedores serão novamente exibidos no Batalha Centro de Cinema.
O último dia do festival conta com uma conversa entre Paulo Moreira, o atual diretor do festival e Sofia Mourato, fundadora do festival, refletindo acerca destes 10 anos de Arquitecturas Film Festival e encerra com uma festa no bar do Batalha Centro de Cinema.
“O cinema é muitas vezes visto como uma arte isolada. O nosso festival tem obviamente os filmes como protagonistas, mas procura esbater as fronteiras entre cinema, instalação, arquitetura, conversas, debates, passeios, etc.”. A pluralidade e diversidade da programação desta edição do festival é o resultado desta afirmação.
Juhani Pallasmaa em “The Architecture of Image. Existential space in architecture” aproxima o cinema da arquitetura assinalando a sua complementaridade – “a arquitetura inerente na expressão cinematográfica e a essência cinematográfica da experiência arquitetónica”. Porque “não há cinema sem arquitecturas”, frase que acompanhou durante alguns anos o festival, a pertinência deste evento é indiscutível, merecendo a pena acompanhar os acontecimentos que terão lugar no Porto de 27 de junho a 01 de julho de 2023 e que assinalam esta 10ª edição do Arquiteturas Film Festival.