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Representação Oficial Portuguesa na 15a Quadrienal de Praga PQ23 – Prague Quadrennial of Performance Design and Space

A Quadrienal de Praga – Prague Quadrennial of Performance Design and Space – é a mais importante e variada mostra nas áreas do design de cena, cenografia e arquitetura teatral, servindo de plataforma de grande visibilidade internacional para os artistas que participam nesta iniciativa.

A Quadrienal, que irá decorrer de 7 a 18 de Junho sob o tema O Raro, pretende incluir expressões artísticas que conectem o Humano com o Ambiente e com o Tempo. As suas duas principais exposições, a exposição Países e Regiões e a exposição Estudantes são de carácter competitivo e os projectos artísticos de diferentes países e regiões são criticados por curadores de diferentes nacionalidades. Para além das secções correspondentes a essas exposições, o programa integra outras oito secções com a curadoria da equipa internacional da Quadrienal.

A Representação Oficial Portuguesa nesta 15a Quadrienal é comissariada pela Direção-Geral das Artes e será realizada através de dois projectos distintos. O projecto curatorial expositivo da cenógrafa Ângela Rocha, que foi selecionado por concurso oficial para representar Portugal nesta edição de 2023 (sendo o júri da parte final deste concurso constituído por Patrícia Portela, Thomas Hal Grey e José Capela) é composto de três momentos expositivos distintos: Metade Dos Minutos, uma instalação artística interactiva desenvolvida pela artista e curadora, integrada na exposição Países e Regiões, que trata de uma visão do futuro pós-pandemia e que incide na dimensão temporal e táctil, na reconexão com a experiência do toque feita através da criação de texturas e estímulos visuais excessivos que colocam o visitante no papel de um participante activo. No encalço de um futuro plural, esta instalação integra ainda as obras dos artistas plásticos Diogo Costa e Telma Morais de Faria. Com o mesmo sentido visionário, Ângela Rocha criou ainda Mirabolante, uma atividade paralela participativa complementar à instalação, que vai buscar a dimensão representativa do país através da compilação das “visões raras” recolhidas de utentes de bibliotecas em Portugal, tais como “previsões de futuro”, presságios, desejos, mensagens utópicas e distópicas, imagens ou objectos, metidos numa “máquina de brindes”, cenografada como bola de cristal e colocada na zona de lazer pertencente ao espaço expositivo, onde cada visitante poderá recolher uma cápsula transparente com a “visão rara” que lhe calhar em sorte. Uma actividade que nos assegura um futuro colectivo e táctil, em que se tem a possibilidade de imaginar para poder concretizar.

Ângela Rocha é ainda curadora de 1:20, uma instalação de Rita Lopes Alves (que assinou a última peça encenada por Jorge Silva Melo, Vida de Artistas, entre muitas outras cenografias de espectáculos dos Artistas Unidos e de outras companhias) sob o tema A Magia da Escala, e integrada na exposição Fragments II. 1:20 questiona a própria natureza do evento em que se enquadra, pergunta pelo que resta e fica, depois de acabados e desmontados os espectáculos. Esta obra consiste num fragmento real da bancada de trabalho da artista Rita Lopes Alves, que contém todos os vestígios do desenvolvimento de um espectáculo, os postais que Jorge Silva Melo, por vezes escrevia a Rita, pistas dos vários espectáculos que Rita Lopes Alves desenvolveu ao longo da sua actividade e carreira cenográfica, uma obra que tem tanto de concreto como de simbólico.

HODO: The Resting Assembly, com curadoria da APCEN, Associação Portuguesa de Cenografia, o outro projecto que irá representar Portugal nesta Quadrienal, foi um convite feito pela DGArtes à Associação Portuguesa de Cenografia para integrar a exposição Estudantes. Este projecto visa proporcionar o envolvimento de estudantes de todo o país e integrar a cenografia e as outras artes associadas, através da representação de um projecto que revele a capacidade criativa de todos os cenógrafos e jovens artistas. A APCEN criou uma equipa curatorial composta por membros da associação: pela presidente da associação, Sara Franqueira, pela Ana Paula Rocha, pela Filipa Malva e pela Inês de Carvalho, para coordenar este projecto rico em experiências e diversidades, que durou mais de um ano, e que permitiu um vasto leque de aprendizagens derivadas de encontros entre estudantes, professores e escolas. O resultado desta actividade teve três momentos essenciais: Os Espaços Admiráveis (entre Julho de 2022 e Janeiro de 2023) que foi desenvolvido pelos alunos nas escolas, em que cada curso e cada escola, sete no total, foi convidada a desenvolver esse espaço/lugar. Dos quarenta projectos que chegaram à APCEN foram escolhidos trabalhos de vinte e dois estudantes que passaram à segunda fase, chamada Os Tempos Extraordinários (entre 3 e 5 de Fevereiro de 2023) em que se gerou um grande encontro regional, uma residência em Évora (com o apoio da Universidade de Évora /Escola de Artes e SASUE) e onde estes vinte e dois estudantes tiveram muitas horas a pensar juntos e a construir ideias e de onde foram seleccionados mais oito estudantes que participaram no momento seguinte do processo Os Lugares Únicos (entre 17 e 19 de Fevereiro de 2023). Este último momento consistiu numa residência nacional, em Ílhavo, nos espaços da Fábrica das Ideias (com o apoio do 23 MlLHAS) em que estes estudantes trabalharam directamente com a equipa curatorial previamente escolhida pela APCEN e que resultou na instalação apresentada na Quadrienal, HODO: The Resting Assembly. Este projecto corresponde a três grandes dimensões que são respostas a desafios. O primeiro desafio corresponde ao conceito artístico da Quadrienal de Praga, como resposta ao cenográfico contemporâneo e que promove a cenografia, ou o design cénico, ou o performance design como lugar inclusivo de competências multidisciplinares, que propõe experiências imercivas em que o espectador é activo, a outra dimensão corresponde à procura em responder ao conceito que tem a ver directamente com a temática desta 15a edição da Quadrienal, o conceito de Raro, que na secção Students teve uma declinação e que se chama Rare Stories of Unique Places. Os “lugares únicos” que estão associados ao conceito de Raro. Outro conceito que está associado a esta equipa da PQ é que estes Lugares Únicos de representação dos estudantes pudessem ser um lugar de criação de comunidade, que trouxesse ideias locais, de cultura, de saberes, que falassem de todos um pouco.

Na perspectiva de Sara Franqueira, presidente da APCEN, este projecto tem a mais valia de proporcionar o encontro entre estudantes, jovens profissionais e professores e entre escolas e a possibilidade de poder levar-se os estudantes a Praga, permitindo-lhes o encontro com este contexto múltiplo e multidisciplinar international. Uma questão igualmente importante na perspectiva da APCEN, foi a possibilidade de poder-se explorar este projecto numa dimensão pouco explorada na prática da cenografia, que é poder trabalhar o lado mais processual, menos focado na definição de um objecto final, mas mais focado na ideia de modelos de criação mais processuais. Ainda quanto ao apoio da DGArtes à Representação Oficial de Portugal na Quadrienal de Praga, é de salientar-se o forte aumento no orçamento associado à participação portuguesa neste evento, de 99.000€ da edição anterior para 195.000€, um aumento de 148% . Ao montante indicado, acresceu ainda um valor de 50.000€ para a exposição dos “Estudantes”, curado pela APCEN.

 

 

Jini Afonso formou-se e fez mestrado em Filosofia pela Universidade NOVA de Lisboa, tem uma pós-graduação em Ciências da Informação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e o mestrado em Curadoria e Crítica de Arte pela University of the Arts London, Chelsea College of Art & Design. Participou em alguns projectos como co-curadora: no Brilliant Sound at Late at Tate, na Tate Britain e One Night Stands Projects (1,2,3) no Wimbledon College, em Londres, e como curadora-assistente: no Project Flags na Kunstfack School of Art and Design, Stockholm, na Berlin Fair of Contemporary Jewellery e no projecto Impressions on Contemporary Jewellery em Nuremberga. Foi directora do Centro de Documentação do INETE, formadora em Comunicação e Gestão da Informação no mesmo instituto e professora de Filosofia e Psicologia em diferentes Escolas Secundárias. Na Índia, fez a sua formação em Yoga na Yoga Vidya School, o Curso de Kundalini na Agama Yoga School e especializou-se em Meditação com Dev Narayan; e na Suíça especializou-se em Yoga Therapy com Doug Keller. Já em Portugal fez a Formação Introdutória à Terapia Somática (Somatic Experience) pela Somatic - Escola de Psicoterapias Corporais, os cursos Diploma e Expert de Hipnose Clínica, Transpessoal e Regressiva, pela Transpersonal Internacional e a Formação do dISPAr, grupo de Teatro do ISPA. Jini é hipnoterapeuta, formadora em Hipnose Clínica, professora de Yoga e Meditação e crítica de Arte. Tem especial interesse pelas teorias das Artes Performativas (com destaque para o Teatro Físico e o Improviso) pelo Psicodrama, as viagens, a poesia e a fotografia.

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