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The new players: Studio Chapple

Se for connoisseur da cena artística londrina, é provável que já se tenha encontrado num comboio das 6 da tarde para Deptford para apanhar uma cerveja numa inauguração, antes que acabem. Nos últimos anos, um conjunto de galerias, estúdios e eventos de arte têm proliferado pelo Sudeste de Londres, por entre restaurantes de novos chefs e cenas musicais emergentes. Se se quer dar com os novos cool kids, é aqui que eles estão.

Alguém que sabe uma ou duas coisas sobre ser cool é Louis Chapple, penso eu ao olhar para os seus mocassins com pinturas geométrica e meias cor-de-laranja. Em finais de 2022, Louis abriu a sua primeira galeria, Studio Chapple. “Há alguns anos que faço projetos pop-up. Embora isso fosse muito divertido, estava sempre à procura de um espaço permanente para ter a liberdade de experimentar exposições que não seria necessariamente capaz de fazer quando se tem de arranjar um orçamento enorme para um espaço de aluguer pop-up. E então este espaço surgiu no Verão do ano passado, ao falar com uma das outras galerias na rua, descobri que estavam de saída, comecei uma conversa com o senhorio e isto simplesmente aconteceu!”

No entanto, o Studio Chapple não trabalha com um modelo normal de galeria. Para manter os custos baixos e preservar também o seu tempo, o espaço é utilizado por duas galerias em alternância. “Fazemos um mês sim, um não”. O meu letreiro desce e o deles sobe e assim podemos ser entidades diferentes”. Como Louis salienta, este não é um novo modelo de negócio, é apenas uma questão de olhar à volta. “Quando se olha para a Deptford High Street, por exemplo, mesmo aqui na esquina, vê-se os mais múltiplos tipos de unidades que são partilhadas por mais do que um negócio. Como por exemplo, uma loja de produtos alimentares que também tem uma loja de telefoneis na parte da frente. Este tipo de processo de partilha de espaço para uma necessidade comum existe há séculos. E penso que podemos começar a vê-lo mais no mundo da arte, uma vez que as rendas só estão obviamente a aumentar e o nosso tempo também é precioso. Poder ter um mês de folga para planear a próxima exposição, mas ainda ter constantemente algo a acontecer no espaço, é fantástico”.

O Studio Chapple é uma galeria de arte experimental e um espaço de projeto, focado na exibição de artistas emergentes sediados no Reino Unido. Com particular interesse na intersecção entre arte visual e arte sonora, Louis Chapple cura uma mistura eclética de exposições e eventos paralelos, com o objetivo de atrair um público mais vasto. “Antes de me dedicar ao mundo da arte, era músico e DJ. Enquanto ainda o faço, decidi que queria, dentro deste espaço, combinar ambas estas vertentes, em vez de os ter como entidades separadas. E assim, a programação vai ser focada no som, mas não se vai limitar a trabalhar com artistas sonoros de qualquer forma, mas como um espaço que liga a arte contemporânea, a produção sónica e a história muito definida da cultura de clube do Reino Unido. Paralelamente ao programa de exposições, fazemos raves, atuações, concertos e temos algumas coisas entusiasmantes a surgir no fim do ano, esperamos ter um sistema de som incorporado fora da galeria”.

No momento da entrevista, Durian Revolution estava em exposição, um solo de Hoa Dung Clerget, explorando temas de casa, comunidade e feminilidade, reimaginando um salão de unhas vietnamita. No envolvente espaço rosa, pinturas com texturas de frutas durian delineiam as paredes laterais, enquanto que uma cascata mágica de seres de unhas não identificados consome o centro da sala. Num dos fins-de-semana da exposição, tiveram um workshop de manicure, convidando as pessoas a arranjar as suas unhas na galeria. Louis sublinha o quanto é importante para ele que a comunidade de Deptford sinta que o espaço é tanto para eles, bem como para a comunidade artística. “É muito importante reconhecer onde estamos como galeria. Tem havido algum tipo de elemento, em cada exposição, que ou traz Deptford para dentro do espaço ou nós levamos a exposição para Deptford. Assim, nesta exposição, temos uma das obras na parede de um supermercado vietnamita, mesmo no fundo da rua. Ter esta obra pendurada com durians reais que têm à venda, foi uma forma brilhante de levar a exposição para fora do espaço”.

Finalmente, pergunto a Louis o que está para vir: “Estou a pensar começar uma nova série de exposições chamada B2B, Back to Back, que vai ser uma série de exposições em duo, juntando pintores com artistas sonoros. Estou a tentar conceber um sistema monetário onde metade da minha comissão da venda da obra vai para o artista sonoro. Há sempre muitos problemas em torno do som, muitos artistas não ganham dinheiro com as vendas. Espero que isso possa iniciar uma forma de poder incorporar maior diversificada de práticas num ambiente mais comercial”.

Nas profundezas de Deptford, as novas galerias estão a abrir caminho na indústria, sendo disruptores dos modelos tradicionais e estando mais atentos aos ambientes sociais e culturais à sua volta. A única questão é: quem é que vai acompanhar?

Licenciada em Belas-Artes pela Universidade de Lisboa, com um pé em Londres e o coração em Lisboa, atualmente trabalha numa galeria de arte no Reino Unido. Depois de passar pelo mundo da moda, reviu o seu maior interesse na arte. É co-fundadora do Coletivo Corrente de Ar, que se foca na promoção de artistas emergentes e na democratização da Arte Contemporânea. O seu trabalho desenvolve-se em torno da curadoria, da consultoria de arte e da escrita.

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