Inauguração exposição Unwinding de Theodore Ereira-Guyer e Sam Llewellyn-Jones
A Umbigo convida para a inauguração de Unwinding de Theodore Ereira-Guyer e Sam Llewellyn-Jones com curadoria da Umbigo Magazine, amanhã dia 15 de fevereiro às 18:30h.
Uma exposição sobre o tempo, a pausa, a reflexão, a memória e a contemplação.
Na Galeria Sá da Costa em colaboração com a Elizabeth Xi Bauer Gallery.
Unwinding
Ao longe, na paisagem, avista-se o recorte da Serra de Montejunto; em volta, o verde a perder de vista e o silêncio dominante.
Vêm de Londres e é talvez por isso que é da serra e da paisagem que brota o trabalho de ambos. Caminhadas que se convertem em imagens; montanhas e paisagens que se imortalizam em gravura.
É inevitavelmente no meio do campo, imersos na Natureza, que as ideias começam a fluir mais naturalmente. O trabalho de Ereira-Guyer e de Llewellyn-Jones situa-se neste contexto e fala de Tempo. O Tempo para pensar, o Tempo para fazer e o Tempo para produzir. Um trabalho que vive da pausa e da energia que a Natureza lhes dá.
Ambos trabalham o analógico, com todo o ritual que lhe é inerente. Ereira-Guyer sempre criou peças únicas em gravura e há uns anos atrás decidiu comprar a sua própria máquina: uma Polymetaal Roller Press, bastante antiga, que lhe permitiu extrapolar o seu trabalho de uma forma cada vez mais experimental, numa obra que vive a vários tempos e nos remete para a memória.
Llewellyn-Jones cria o seu trabalho recorrendo às lentes de duas máquinas de grande formato, uma Deardorff 8×10 e uma M.P.P 5X4. Este aparato analógico revela-se fundamental para o resultado final do trabalho de ambos. Llewellyn-Jones revela e amplia experimentando várias técnicas, composições químicas, luzes e tempos que resultam em imagens imprevisíveis e impregnadas de textura. Em Ereira-Guyer observamos a mesma ideia de textura criada a partir da paisagem, e foi essa textura como matéria, como ideia e como abstração que levou à ideia inicial para esta exposição.
Das montanhas surge a ideia de simbolizar o desconhecido, o incognoscível. Ao caminhar, Ereira-Guyer pensa numa espécie de entrelaçamento de histórias pessoais e coletivas e quando olhamos para as imagens de Llewellyn-Jones não conseguimos perceber se foram feitas em Portugal, no País de Gales ou em Creta, tornando-se numa única paisagem. Uma paisagem inconsciente.
É definitivamente um trabalho sobre o Tempo, que em contraponto com a agitada e inquieta sociedade dos dias de hoje. Um trabalho que vive da exploração do desconhecido, em que o próprio processo os faz desacelerar, uma vez que os resultados pretendidos podem não ser alcançados rapidamente, como se estivéssemos perante uma prática laboratorial.
Na galeria cria-se um diálogo, uma justaposição entre o lado táctil das peças de Ereira-Guyer, que fluem no espaço, fazendo-nos imergir na paisagem, e a estrutura em madeira onde são mostradas as fotografias de Llewellyn-Jones. Dispostas em várias linhas e preenchendo toda a estrutura, juntas criam um efeito ilusório no espectador, cujo olhar vai para além da beleza da paisagem, focando-se nas texturas nela presentes. Na mesa é criado um Atlas de fotografias que fizeram parte de todo o processo e do dia-a-dia recolector de histórias e imagens, que se configuram em várias narrativas.
Em suma, uma exposição sobre o Tempo, a pausa, a reflexão, a memória e a contemplação.
Elsa Garcia