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Turner. La luz es color

Turner. La luz es color está em exposição no Museu Nacional D’Art de Catalunya, em Barcelona, desde 20 de maio até 11 de setembro. Com curadoria de David Blayney, a seleção de pinturas apresentada constituiu-se como um conjunto de paisagens e motivos naturais sublimes do melhor paisagista do período romântico.

Como se alguém ainda tivesse dúvidas, esta mostra corrobora a exímia capacidade que Turner possuía de absorver movimento e de o plasmar através de tinta. Nas suas criações esta dimensão dinâmica emerge pelo recurso a elementos naturais como seriam as tempestades, mas a representação de tais fenómenos não é óbvia nem muito menos impactante do que os eventos que inspiram as suas obras. Turner transforma ditos fenómenos da natureza em espetáculos visuais verdadeiramente fascinantes, colando às suas criações um intenso e invulgar magnetismo.

A viagem proposta pela exposição inaugura-se com atmosferas naturais que fogem da definição e das cores garridas, privilegiando o todo dessas criações, a dimensão de ambiente em detrimento do exercício do detalhe. Quase como se se tratassem dos primeiros ensaios do que viriam a ser futuras criações do artista. Os primeiros passos do dos seus magistrais pontos de luz, do seu trabalho sobre o contraste e sobre o binómio luz-sombra.

Progressivamente, os seus ambientes naturais nebulosos vão dando lugar à minúcia e a um contraste mais aceso. Como se o seu traço se fosse transmutando do incerto ao certo, do medroso ao mais consistente, do intuitivo ao domínio consciente das suas virtuosidades.

As forças da natureza, essas, mantém-se como o centro da atenção da sua criação artística e da curadoria de David Blayney do primeiro ao último espaço da exposição. Pintadas num contexto onde a sua conservação se via ameaçada pela revolução industrial, Turner imortaliza a espontaneidade e a beleza da natureza nas suas telas, através de guaches, aguarelas, óleos… em suportes que variam entre a pequena e a grande dimensão, de forma singular.

Talvez evidenciar um ponto da exposição seja uma ação difícil de concretizar, pelo elevado nível de todas as variáveis. Mas arrisco-me a avançar como grande destaque a pujança da natureza evocada pela produção artística de Turner. Quase sempre com a figura humana apartada, as suas atmosferas etéreas e as suas paisagens únicas vertebram a atenção da massa visitante do início ao fim da exposição. Uma gradação que se encerra com um conjunto de quatro quadros protagonizados pela apoteótica figura do Sol.

Em exposição até 11 de setembro, a obra de Turner fica no MNAC, em Barcelona, à espera da visita de todes.

Diogo Graça (1997) vive e trabalha entre Lisboa e Barcelona. Estudou Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e estuda Cinema na Universitat Pompeu Fabra. Com um percurso que passa por locais tão díspares quanto a Revista Umbigo, a Galeria Madragoa, a SportTV e a TVI, encontra na escrita e no audiovisual o seu quinto andar, seja sob a forma de guiões para televisão, artigos sobre arte ou short stories.

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