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Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary: Cammisa Buerhaus na Mala

A primeira exposição individual da artista norte-americana Cammisa Buerhaus em Portugal, Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary, foi inaugurada no passado dia 23 de outubro na Mala – um espaço expositivo independente sob a coordenação de Sofia Montanha e Henrique Loja.

A prática de Buerhaus tem por base a performance. A artista reflete uma vontade de envolvimento do próprio corpo, assim como do público – física ou concetualmente – na concretização da obra, como podemos constatar no próprio nome da exposição, que apela ao mito de uma presença paradoxalmente chamada e indesejada. A apropriação e reinterpretação da personagem assombrosa de Bloody Mary por parte da artista, numa obra que se divide entre duas paredes opostas do espaço de exposição, convida o público para uma apreciação armadilhada – em que a escolha de entrar para o espaço de Cammisa se transforma num envolvimento no trabalho da artista. «Dois storyboardsYou Have Heard Every Word I’ve Said – enfrentam-se um ao outro. Um conta a história, o outro dirige a coreografia – um tem o corpo, o outro, o rosto. Montado numa folha de mylar espelhado, o espectador lê o espetáculo e torna-se o intérprete», assim escrevem os curadores.

A artista apresenta ainda duas fotografias, parte de uma série intitulada Performance from the Camera, e um conjunto de azulejos impressos, dispostos no sentido de incentivar o público a interagir com a imagem que está ou que pode ser formada: «What You See sugere o mistério de nós-próprios, e as formas como tentamos resolver este puzzle».

A Mala nasce de uma reflexão do que significa expor e da base conceptual de partilha sobre a qual assenta qualquer exposição. Um projeto iniciado em janeiro de 2020 como uma galeria/exposição/partilha nómada, transportada e apresentada pelos curadores nos mais diversos contextos, inicia uma nova fase de programação, agora de um espaço expositivo. Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary dá início a este novo momento do projeto.

Um espaço independente, que se propõe a criar ligações no contexto da arte contemporânea através de experiências expositivas que desafiem conceções tradicionais de exposição. É possível visitar Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary na Mala até ao dia 21 de dezembro.

Doutoranda de Filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa de Braga, é mestre em Crítica Curadoria e Teorias da Arte pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em 2018 lança o primeiro número da revista Dose da qual é cofundadora e editora, e em 2020 funda o espaço de estúdio para artistas o.estúdio no Bonfim, Porto. Trabalha atualmente como artista plástica, curadora freelancer e escritora, tendo já contribuído com artigos para diversas publicações.

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