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Nella Cohorte di De Chirico, no Colégio das Artes, Coimbra

Nella Cohorte di De Chirico é uma exposição coletiva que apresenta alguns dos mais conhecidos nomes do Colégio das Artes de Coimbra.

Giorgio de De Chirico, pintor surrealista italiano que dá nome à exposição, é comumente caracterizado como o artista da pintura metafísica. O grupo que se expõe identifica-se como a corte de De Chirico, autorretratando-se enquanto “uma célula de um exército que celebra sobretudo a condição humana e não a guerra, é estar numa cohorte imaginária, condição de não estar em cohorte alguma”.

Com curadoria de Hugo Barata e António Olaio, esta exposição poderá ser caracterizada pela interdisciplinaridade – à semelhança da obra de De Chirico, não há uma ordem, um presente ou passado ou futuro, há apenas a criação.

O que significa a criação na contemporaneidade? Não haverá resposta, pelo menos não uma resposta que agrade ou seja do acordo de qualquer grupo maioritário. A arte existe atualmente, como em qualquer outra época, em crise. Será o criador o responsável? Ou as instituições? Ou o público? Deverá o artista contemporâneo carregar o peso da época na sua prática?

Nesta exposição vemos um conjunto de artistas que se propõe criar individualmente para o grupo. António Olaio expõe uma pintura feita numa superfície circular, em que retrata uma mão que segura uma laranja. Nuno Sousa Vieira apresenta um conjunto de estruturas geométricas suspensas do teto denominadas por Nuvens. Não havendo de certo uma relação material ou conceptual no ato de realização das obras, estas reúnem-se através de uma relação conceptual coletiva. A exposição seleciona desta forma os artistas não pelo seu trabalho final, mas pela forma como o desenvolvem. A finitude do trabalho ultrapassará desta forma o ato de criação, conceito que poderá talvez aplicar-se a todas as obras de arte que não se findam senão por tragédia máxima de destruição. Mas vemos nesta exposição uma intenção de afirmar este processo infinito de criação e recriação.

O pensamento e atitude de De Chirico em relação à arte e ao meio artístico será o fator determinante na composição da exposição. Uma pintura do artista está exposta num ecrã à porta da exposição. Podemos analisar a pintura surrealista, mas na sua solitária forma não será possível compreender a complexidade do corpo de trabalho de De Chirico. A sua obra cumpre-se pela relação do artista com o trabalho, que valoriza o conceptual para além da materialidade, expressando-se sempre materialmente. Um ciclo de conceção artística que apenas o próprio (se é que o próprio) compreenderá na totalidade.

A exposição conta com a participação de Albuquerque Mendes, Alice Geirinhas, Ana Rito, António Mello, António Olaio, Armando Azevedo, Cabrita, Fabrizio Matos, Gonçalo Pena, Hugo Barata, Jo Joelson e Band of Holy Joy, José Loureiro, José Maças de Carvalho, Luís Alegre, Musa Paradisíaca, Nikita Alexeev, Nuno Sousa Vieira, Pedro Pousada, Rita Gaspar Vieira, Susana Chiocca, Tiago Alexandre, Tiago Mourão.

Será possível de visitar a exposição no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra até dia 14 de outubro.

Doutoranda de Filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa de Braga, é mestre em Crítica Curadoria e Teorias da Arte pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em 2018 lança o primeiro número da revista Dose da qual é cofundadora e editora, e em 2020 funda o espaço de estúdio para artistas o.estúdio no Bonfim, Porto. Trabalha atualmente como artista plástica, curadora freelancer e escritora, tendo já contribuído com artigos para diversas publicações.

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