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Dip me in the river, drop me in the water! na Galeria Pedro Cera

Dip me in the river, drop me in the water!, um título inspirado na música Take me to the river, de Al Green. As palavras de David Byrne são relembradas na folha de sala por Carolina Trigueiros, que introduz o público ao ambiente expositivo como um novo espaço de tempo e perceção, «a song that combines teenage lust with baptism. Not equates, you understand, but throws them in the same stew, at least».

Dividida entre duas salas, a exposição apresenta-se em diferentes momentos, desde a horizontalidade das pinturas expostas nas paredes à introdução de instalações audiovisuais inseridas entre a tradicional apresentação expositiva. E ainda as quebras no espaço criadas através de instalações que se espalham enquanto obras expandidas. Pensemos as instalações de Edgar Pires, Maria Trabulo e Eduardo Fonseca e Silva & Francisca Valador: em como se estendem enquanto objetos soltos, unidos através da relação que entre si estabelecem, seja pela materialidade ou pela presença ausente do conceito.

Na segunda sala, o ambiente é parado, assemelha-se a uma sensação de submersão. Entre a luz, o som, o vídeo e as peças pousadas, como que pausas temporais, o espaço parece aplicar uma pressão firme sobre quem o ocupa. «Mais do que artistas que carregam a novidade, desafia-se a retenção do olhar», afirma Carolina Trigueiros no texto da exposição. De facto, o tempo da exposição é pausado, marcado por um ritmo percetivo que exige tempo. Considerando a relação da arte com o tempo, e particularmente a arte exposta, ver uma obra será um tempo de consciência oferecida e/ou recebida. Uma consciência única ao ser vivo que existe e constrói a existência. Parar para observar, para recolher uma experiência como quem colhe alimento. Parar para pensar e ver uma obra viva será um ato que cada vez mais se aproxima do revolucionário, face ao ritmo da vida contemporânea. «Os tempos de germinar, surgir, brotar, colher ou expurgar são metáforas poderosas à vida, à prática artística», escreve a curadora.

Dip me in the river, drop me in the water! conta com a participação de Sebastião Borges, Isabel Cordovil, Eduardo Fonseca e Silva & Francisca Valador, João Gil, Pedro Huet, Lea Managil, Sofia Mascate, Carolina Pimenta, Edgar Pires, Ana Rebordão e Maria Trabulo. Poderá visitar esta exposição na Galeria Pedro Cera, em Lisboa, até 4 de setembro.

Doutoranda de Filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa de Braga, é mestre em Crítica Curadoria e Teorias da Arte pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em 2018 lança o primeiro número da revista Dose da qual é cofundadora e editora, e em 2020 funda o espaço de estúdio para artistas o.estúdio no Bonfim, Porto. Trabalha atualmente como artista plástica, curadora freelancer e escritora, tendo já contribuído com artigos para diversas publicações.

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