Travessia: Rui Chafes na Casa das Artes de Tavira
Travessia é uma exposição que apresenta um conjunto de cinco esculturas do artista Rui Chafes, pensadas e apresentadas para a Casa das Artes de Tavira, a qual foi realizada em colaboração com a Galeria Filomena Soares.
Travessia. Palavra que evoca o percorrer de um caminho de passagem, talvez para uma outra margem, nesta Casa das Artes tão próxima do rio Gilão, que banha a cidade de Tavira.
Travessia num espaço, onde já Nada é aqui (título de uma das obras) e onde se superou um Passado infinito (idem), talvez já não lembrado, pois também já não visto.
Mas também uma travessia de tempo, na sala maior desta galeria, já com trinta e seis anos de existência e apresentando desta vez, de 7 a 20 de agosto, cinco esculturas de um artista tão importante para a arte contemporânea, mas que se baseia sempre num passado longínquo e mítico.
E sempre uma passagem para outra realidade, aquela que o espectador assim entender e à qual der sentido e existência.
Há uma verticalidade presente em todas as cinco peças suspensas, e não tocando no chão, e um sentido de imponência ao mesmo tempo, como que elevando as obras para um outro plano, como forma de alcançar o transcendente.
Há a ideia de interior e exterior, sendo o segundo liso e polido e o primeiro áspero e rude, na obra Desabrigo I, que mostra precisamente esses dois lados da obra, para o escultor semelhantes aos dois lados de um ser humano.
Todas as obras são sombrias, mostrando como que objetos estranhos e incómodos, por vezes afiados e perigosos. São obras muito intensas, como se o artista retirasse algo das suas entranhas e o compartilhasse connosco, nesta travessia conjunta.
É deste modo apresentada a matéria e a ação do artista sobre essa mesma matéria, dando-lhe vida, em peças através das quais as pessoas se reconhecem e reconhecem sentidos, feitas em ferro, numa sempre coerente estética que já nos é tão familiar.
Travessia está patente na Casa das Artes de Tavira, no Algarve, até 20 de agosto.