Cut Down The Middle: João Vasco Paiva, Heman Chong, Ramiro Guerreiro, Ko Sin Tung e Magdalen Wong na Galeria Avenida da Índia
Cut Down The Middle é uma exposição que reúne trabalhos recentes do artista João Vasco Paiva junto de obras de Heman Chong, Ramiro Guerreiro, Ko Sin Tung e Magdalen Wong.
O que os une a todos nesta exposição, patente na Galeria Avenida da Índia, são as inúmeras relações que estabeleceram, ao longo dos últimos dez anos, com o artista Vasco Paiva. Vários contactos foram realizados entre os artistas, quer por meio de projetos desenvolvidos, quer por meio de cumplicidades estabelecidas, exposições variadas, espaços partilhados no passado ou conversas soltas.
A curadora Cláudia Pestana, que propõe um diálogo com o artista Vasco Paiva, consegue estabelecer nesta exposição um elo invisível, um fio condutor que une todos estes intervenientes num esforço comum, numa reflexão profunda.
Na exposição, deambulamos pelas salas, pejadas por peças que evocam elementos constituintes da cidade, próprios do espaço urbano, palmilhado por milhares de pessoas. A sinalética presente nas vias públicas e nas estradas de Hong Kong são o mote desta exposição e levantam grandes questões filosóficas.
O modo como são percebidos estes lugares de passagem, estes percursos induzidos, estas rotas que, por meio de elementos urbanos, afetam as nossas rotinas e o nosso modo de apreender o mundo, desencadeiam toda uma problematização em torno do impacto que podem ter sobre a nossa maneira de pensar e agir.
Estes marcadores urbanos ou, por outras palavras, estes «dispositivos» – segundo o termo de Agamben – estabelecem um conjunto de regras, que orientam, que instruem os indivíduos, e são vinculativos, no sentido em que podem «consolidar relações de poder».
Na realidade, «dispositivo» compreende todo o instrumento que pode desencadear um determinado discurso alienador – isto nas palavras de Agamben. E esse dispositivo que, segundo o autor, pode ter origem em diversos meios, ou ser originário de um só indivíduo, assume variados contornos, e metamorfoseia-se na sua ação. É por isso que a arte tem que ser vista à luz da contemporaneidade, na capacidade de se dissociar do seu tempo e, com distanciamento, pôr a nu o que a cobre e a vota ao obscurantismo.
Cut Down The Middle está patente na Galeria Avenida da Índia, em Lisboa, até 13 de junho.