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Caged: Alexandre Baptista na Galeria Sete

Caged, a exposição individual de Alexandre Baptista, está patente na Galeria Sete, em Coimbra, até 9 de junho. O artista apresenta uma série de pinturas realizadas em paralelo com uma publicação, pensadas e produzidas em plena pandemia.

No processo de realização das suas mais recentes obras, Alexandre Baptista apropria-se de um conjunto de fotografias de um arquivo norte-americano. São imagens a preto e branco de paisagens abandonadas. Espaços amplos com vestígios humanos, sejam casas ou estradas, largadas e esquecidas no interior do país. «Sublinhando o entreabrir de portas, janelas, grelhas ou perspetivas, e arreigadas a um imaginário que se distingue pela ideia de vazio e pela alusão a um tempo suspenso, as imagens pertencem a um período e a um lugar passado, vagamente indefinido», diz Sérgio Fazenda Rodrigues no texto da exposição.

Hans Ulrich Obrist refere em Ways of Curating o posicionamento da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster relativamente a exposições da seguinte forma: «For her, exhibitions are a way to resist the pressure towards an ever more uniform experience of time and space, by keeping the visitor in the art moment a little longer.» A consciência curatorial do artista revela-se na manipulação de noções de tempo em relação com as obras e com o espaço no contexto expositivo. Num período de tempo que se assemelha ao Groundhog Day, Alexandre Baptista apresenta uma série, um trabalho que se repete embora seja produzido individualmente.

Em conversa com o artista, a questão do afastamento humano torna-se um interesse claro na produção destas obras. Caged resulta de um trabalho solitário e introspetivo, a definição da palavra que dá nome à exposição é incorporada em todas as obras, uma legenda vinil inserida na parte inferior das pinturas. Conceitos de pintura, fotografia, linguagem e arquitetura são utilizados pelo artista na composição de uma série que representa, nas palavras do próprio, a repetibilidade do tempo. Fundos orgânicos, fotografia, formas geométricas que remetem para plantas simplificadas de espaços fechados e ainda a legenda Caged – o artista explora a tensão entre noções de preenchimento e vazio, de enjaulamento e espaços amplos, entre o orgânico e o geométrico.

Caged pode ser visitada até 9 de junho na Galeria Sete, onde os exemplares da publicação – produzidos, numerados e assinados pelo artista – estarão disponíveis.

Doutoranda de Filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa de Braga, é mestre em Crítica Curadoria e Teorias da Arte pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em 2018 lança o primeiro número da revista Dose da qual é cofundadora e editora, e em 2020 funda o espaço de estúdio para artistas o.estúdio no Bonfim, Porto. Trabalha atualmente como artista plástica, curadora freelancer e escritora, tendo já contribuído com artigos para diversas publicações.

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