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Amuse-Bouche, na Galeria Foco

A Galeria Foco abre um novo espaço na Rua Antero de Quental com a exposição coletiva Amuse-Bouche, patente até 29 de maio. A mostra conta com a participação de 13 artistas nacionais e internacionais: Clara Imbert, Francisco Osório, Hugo Cantegrel, Luísa Salvador, Manuel Tainha, Márcio Vilela, Mia Dudek, Nádia Duvall, Pauline Guerrier, Rudolfo Quintas e Sarah Valente, artistas que mantêm já uma relação com esta galeria, quer através de exposições individuais, coletivas ou presenças em feiras; mas conta também com as duas estreias de Bence Magyarlaki e Maria Appleton.

Após quatro anos de atividade e criatividade, a Galeria Foco continua a criar-se e redimensionou-se para este antigo stand de automóveis, com dois andares e uma janela para a rua que, com 10 metros de comprimento, serve de cartão-de-visita a quem passa. O espaço na Rua da Alegria não deixará de existir e passará a ser um project space dedicado a uma expressão mais livre e experimental.

O desejo de expansão e o potencial deste espaço aliaram-se para oferecer uma base única para a linha programática da galeria, que podemos agora provar em modo appetizer, tal como o nome da exposição de apresentação sugere. Amuse-Bouche introduz-nos ao futuro da programação do espaço: é um trailer do trabalho dos artistas que até 2024 poderão explorar e atuar nesta nova casa.

Apesar de não haver um tema global forçoso, já que cada um dos artistas expressa o seu universo, a exposição é entendida como um todo que versa o espaço, com enfoque à atenção especial dada à cenografia e ao diálogo entre as peças, que se relacionam e exercem força de destaque umas sobre as outras – a justaposição da obra de Francisco Osório, que esconde e que destapa as três peças poéticas e teatrais de Hugo Cantegrel; ou a obra stand alone de Clara Imbert, que através da tridimensionalidade e da arquitetura desta escultura pendular permite ver a opacidade contrastante dos pastéis iluminados de Nádia Duvall.

O ponto de convergência desta exposição prende-se com o facto de todos os artistas trabalharem, de formas mais ou menos evidentes, a sua relação com o espaço. É esta a linha curatorial que, partindo de uma seleção muito natural e orgânica dos artistas emergentes que orbitam o percurso da Galeria Foco, se centra nos vários meios usados e diversidades de exploração do espaço físico. Fá-lo de forma simples e acessível e, nas palavras do galerista Benjamin Gonthier, de uma forma fresca.

A mostra convida a pensar o espaço que ocupamos, a contenção do corpo físico, a espacialidade e a duração do tempo. Bence Magyarlaki apresenta duas esculturas que contestam o espaço e se rebelam em curvas dançantes, o oposto do material em que são concebidas, ditando que estamos destinados a ocupar um espaço mais vasto do que qualquer regra arquitetónica. As obras de Mia Dudek também respondem à arquitetura e prometem entornar para lá dos limites corpóreos e também espaciais da galeria, já que ocupa um espaço entre os dois pisos. Sarah Valente faz-se valer da força estrutural do mármore e Luísa Salvador da fragilidade do papel, ambas para endereçar ao pensamento sobre a nossa posição face aos elementos naturais, lado a lado expostas. A combinação dos 13 artistas permite provar as variações e a liberdade com que cada um pensa o espaço e, sobretudo, como cada um irá pensar este espaço quando for a sua vez de o ocupar.

Maria Appleton será a primeira a abrir o apetite, em Junho, com um menu mais completo inspirado na peça que apresenta em Amuse-Bouche. Non, je n’ai rien oublié é uma peça em têxtil de parede que joga já com a ideia de transparências e abordagem do espaço, apesar de ainda não focar o carácter site-specific do que estará por vir. Para o final do ano, poderemos ver as individuais de Clara Imbert (Setembro-Outubro 2021) e Nádia Duvall (Novembro-Dezembro 2021).

Como nos diz o texto de sala, esta exposição coletiva “deve despertar o seu paladar, despertar os seus sentidos e alimentar a sua imaginação.” Através da amostra singular de cada um dos artistas, ficamos em bicos dos pés para o desenrolar do resto da refeição.

Amuse-Bouche, patente na Galeria Foco, pode ser visitada até 29 de maio.

Concluiu a Licenciatura em Relações Internacionais com um minor em Ciências da Comunicação, na Universidade Nova de Lisboa, e o Mestrado em Mercados de Arte, no ISCTE. Tem vindo a colaborar com alguns projetos culturais como a AZAN, o ProjetoMAP e a REDE art agency. Assistiu à produção da exposição ProjetoMAP 2010-2020 Mapa ou Exposição, no Museu Coleção Berardo, e produziu a exposição I WILL TAKE THE RISK, na AZAN. Esteve envolvida na edição do livro ProjetoMAP Mapa de Artistas de Portugal e contribui para publicações como a GQ Portugal.

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