O desenho como pensamento no Centro de Artes de Águeda: Mais nada se move em cima do papel
mais nada se move em cima do papel
nenhum olho de tinta iridescente pressagia
o destino deste corpo
Al Berto
Mais nada se move em cima do papel integra O desenho como pensamento – um ciclo de exposições e conversas a decorrer em Águeda desde o final do ano passado – e está patente no Centro de Artes de Águeda até 23 de maio.
Trata-se de um programa multíplice e transversal, ainda que votado ao campo do desenho: este ciclo vem sublinhar a sua preponderância no processo criativo, enquadrando-o, em todo o caso, para além do domínio da técnica. De acordo com Alexandre Baptista, seu comissário, “O desenho como pensamento contempla no seu programa um conjunto de exposições em que diversos artistas, distintos na sua linguagem conceptual, privilegiam o desenho na sua obra, não só com o registo gráfico bidimensional inscrito num suporte físico tradicional – o papel – como ainda numa representação mais projetual, tridimensional, com recursos a meios tecnológicos e outros tipos de suportes, abrindo assim a possibilidade de novas leituras e discussões.”
Águeda acolhe um conjunto de exposições de alguns dos mais conceituados artistas nacionais – esses que privilegiam ou convocam o desenho na sua obra, embora nem sempre sob os mais óbvios contornos. Descobrimo-lo nas dezoito exposições individuais, mas não só. São duas as exposições coletivas: O desenho na Coleção Norlinda e José Lima (uma seleção), com a curadoria de João Silvério, na Biblioteca da Universidade de Aveiro, e Mais nada se move em cima do papel, com a curadoria de Sara Antónia Matos, no Centro de Artes de Águeda, que está prestes a encerrar.
Parte-se do primeiro verso de um poema de Al Berto. Segundo a curadora, esta exposição visa um diálogo entre “obras de artistas que ao longo dos anos, nos seus percursos e linguagens próprias, têm trabalhado o desenho como um registo indisciplinado, em alguns casos transversal às suas práticas. As obras em exposição dão a ver que o desenho traduz uma condição anterior, pouco tangível, equiparável ao pensamento, como se o gesto ou a intuição que precede a inscrição do traço se movesse ou pairasse acima do papel, para depois se plasmar em suportes bidimensionais e tridimensionais, ganhar corpo e adquirir formulações escultóricas, sonoras, atmosféricas, espaciais.”
Traça-se assim um diálogo entre Alberto Carneiro, Ângela Ferreira, António Bolota, Fernanda Fragateiro, Joana Escoval, Jorge Feijão, Julião Sarmento, Júlio Pomar, Luisa Cunha, Luís Paulo Costa, Nuno Sousa Vieira, Pedro Tropa, Rita Ferreira, Rita Gaspar Vieira, Rui Chafes, Rui Sanches, Sara Bichão, Sara Chang Yan e Teresa Segurado Pavão. Depois do estado de emergência e desse inevitável encerramento, o Centro de Artes de Águeda oferece-nos uma última oportunidade de visitar esta exposição: até 23 de maio. Poderá conhecê-la também através de uma visita virtual.
O desenho como pensamento prossegue com o seu programa de conversas: esta tarde, no Café Concerto do Centro de Artes de Águeda (18h00), reúnem-se Alexandre Baptista, Gabriela Vaz-Pinheiro, Luís Paulo Costa e Sara Antónia Matos para debater O desenho como prática artística. De referir que a entrada é gratuita, mas com inscrição obrigatória.
André Lemos Pinto, Gabriela Vaz Pinheiro e Miguel Ângelo Rocha inauguram as suas exposições individuais já amanhã: Beyond Time, de André Lemos Pinto, no Espaço Santos (16h30) e na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (17h00); …Life Stories_Short, de Gabriela Vaz-Pinheiro, no Salão de Chá do Parque da Alta Vila (17h30); e Calcium, de Miguel Ângelo Rocha, na Sala Estúdio do Centro de Artes de Águeda (18h00).
Consulte o programa completo na página que o website do Centro de Artes de Águeda lhe dedica.