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Cluster Arte, Museus e Culturas Digitais – Call for Papers

Durante a pandemia, tornou-se clara a necessidade de os museus dedicarem parte do seu orçamento e programa à produção digital.

Confrontados com uma interrupção abrupta nas suas atividades e na sua missão base de mediar visitantes e objetos, os museus viram-se obrigados a adaptar a sua programação anual, concebendo, de forma extraordinária, conteúdos para o campo digital.

E se é certo que tal fenómeno destapou muitas das insuficiências dos museus portugueses para colmatarem ou mitigarem uma procura que não existiu, é certo, também que abriu muitos campos de exploração e atuação para estas instituições, estimulando debates e propondo novas práticas e vias de comunicação ou exposição.

Focado nas oportunidades e fragilidades que o digital oferece aos museus, à arte e ao património, o cluster Arte, Museus e Culturas Digitais estabelece uma base formal e académica para a reflexão destas três grandes matérias e de como elas se alimentam mutuamente, num debate institucional muito profícuo para artistas, curadores, críticos e historiadores.

Foi então com esse propósito que o cluster organizou no passado dia 22 de outubro o primeiro webinar dedicado a estes campos, com a organização de Helena Barranha e Joana Simões Henriques e a participação de Ana Carvalho, Emília Ferreira, Merete Sanderhoff, Rita Macedo, Enrique Salmoiraghi, José Ramón Alcalá, Luís Fernandes, Pablo Gobira e Elsa Garcia.

No webinar foi clara a necessidade de investimento em recursos tecnológicos e digitais por parte dos museus e das políticas museológicas, tendo também presente que um esforço adicional deve ser promovido por estas instituições na produção de obras de arte nativas do digital e na aposta da curadoria digital.

Se na primeira parte foram debatidos os problemas institucionais mais prementes nos museus de arte, relembrando – como Emília Ferreira referiu – que faltam meios técnicos e conhecimento nas competências digitais, mesmo com as coleções digitalizadas; a segunda parte focou-se sobretudo na arte digital, da sua historiografia e a difícil e lenta inserção nos museus, e na especificidade da curadoria digital de exposições, que obedece a regras espaciais e temporais diferentes das congéneres físicas. A arte digital, como sublinha Enrique Salmoiraghi, está sujeita a uma imbrincada multidimensionalidade que deve ser entendida e explorada, como forma de desbloquear os verdadeiros potenciais destes meios e desta arte produzida entre algoritmos, software, hardware, imagens, vídeo e áudio.

Nesta perspetiva, o digital representa uma oportunidade para os museus e uma alteração de paradigma no acesso à arte e ao conhecimento. De facto, o desenvolvimento tecnológico, como reconhece Merete Sanderhoff, “mudou o foco do museu e das coleções para as pessoas” e promoveu a democratização e a participação dos interessados, dos espectadores, dos visitantes. É sobre isso que os museus e as instituições culturais devem agora trabalhar.

Este foi um primeiro momento de introdução a grandes questões que vão ocupar o cluster nos próximos tempos. Ficou, todavia, presente e claro que está a ocorrer uma “transformação digital” complexa, que irá afetar os museus (nas suas mais variadas valências e especialidades de comunicação, educação e produção de conteúdos), os ecossistemas em seu redor, e que todos estes caminhos por trilhar carecem de um enquadramento crítico que deve ser trabalhado.

Neste sentido, o cluster anunciou um Call for Papers com o objetivo de começar a recolher material e matérias capazes de formar e enformar esses caminhos traçados pela tríade da arte, dos museus e das culturas digitais. Os interessados terão de submeter as suas propostas até 21 de dezembro, sendo que devem atender aos tópicos elencados no website do cluster.

Este Call for Papers antecede a primeira Conferência Internacional sobre Arte, Museus e Culturas Digitais, uma colaboração entre o maat e o Instituto de História da Arte, a decorrer nos dias 22 e 23 de abril de 2021, com inscrição prévia aqui. Segundo Helena Barranha, “a conferência procura discutir como museus, curadores e artistas estão a responder às oportunidades e aos riscos da chamada ‘transformação digital’, reconhecendo a pluralidade das culturas digitais” – uma questão que convoca vários temas que envolvem não só os especialistas e os académicos, mas também a sociedade civil e a política.

A reter: data limite do Call for Papers a 21 de dezembro e prazo de inscrições para a Conferência Internacional até 5 de abril.

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