Lo demás, yo mismo, de Fernando Clemente
A arte é uma construção porosa que absorve o ambiente que a enforma e transforma, entre artista, mediador e observador. E na porosidade que a caracteriza, e nas camadas e estratos que a compõe internamente, há toda uma bagagem intelectual, mas também intuitiva que perscruta toda a relação que com ela estabelecemos.
É nessa capacidade de auscultar o autor através da sua obra, do que ele verte para a mesma e sobre a qual ele próprio se consubstancia e se forma, que Fernando Clemente concebe Lo demás, yo mismo, na Galeria Carrasco, Madrid.
Nesta mostra, Clemente recorre à intuição, à pintura não-figurativa em jeito irónico, mostrando um corpo de trabalho descomprometido, idiossincrático, liberto de normas compositivas – uma pintura cuja visualidade assenta numa série de energias várias que se vão concebendo musical e organicamente.
Não será a isso indiferente o seu perfil pessoal agregador e empático, que cultiva desde a década de 90 e os seus anos de formação até ao trabalho no atelier La María e em The Richad Channin Foundation – dois projetos profundamente ligados à cena artística sevilhana, na qual está desde cedo enraizado.
Lo demás, yo mismo está patente na galeria Carrasco, em Madrid, de 29 de outubro a a 5 de dezembro.