Antes, después, ayer, mientras, ahora, de Belén Uriel
A exposição Antes, después, ayer, mientras, ahora, de Belén Uriel, está na Galeria Madragoa, em Lisboa, até 31 de outubro. O novo grupo de esculturas da artista apresenta, como vem sendo hábito na sua prática artística, uma sublime simbiose entre o corpo humano e objetos de consumo diário.
O tema da investigação que iniciou este conjunto de trabalhos de Belén Uriel é a mochila de lona. Tão intemporal, neutra e comum que a sua existência se dissolve e quase funde com a figura humana. Mantém-se os materiais e as técnicas que acompanham a produção de Uriel, bem como a sensibilidade e a madurez do seu trabalho manual, mas aqui repagina-se numa nova paleta de cores, desta feita mais sóbria e clássica.
O conceito da mochila é desconstruído, conceptual e objetivamente (os fechos, as costas, os bolsos, as alças…), prolongando a imagem da mochila ao longo das várias obras da exposição de forma consistente, mas não repetitiva.
Mais, este conjunto de esculturas de Belén preenche a galeria de um modo tão dinâmico e orgânico que o movimento ocular do visitante se confunde com as linhas e formas das próprias obras. O domínio da forma e da anatomia do molde que Belén Uriel possui parece nunca parar de se elevar a um outro nível.
A madrilena, que já expôs em Madrid, Barcelona ou Londres, e que se baseou em Lisboa há já alguns anos, traz nesta que é a sua segunda exposição a solo na Galeria Madragoa um núcleo de obras que trabalham o vidro, o gesso e o metal numa lógica de não-cristalização, mas antes de fluidez e movimento. Um movimento de reciprocidade e permanente adaptação que tanto o objeto mochila como o corpo humano possuem e ensaiam entre si.
Antes, después, ayer, mientras, ahora encontra-se distribuída no novo espaço da Galeria Madragoa e constitui-se como uma envolvente, tocante e coerente sequência de esculturas que explora o antropomorfismo de forma sensível e inovadora.