Conversa Inventada de André Sousa
Conversa Inventada é uma exposição individual de André Sousa, onde apresenta dois trabalhos em diálogo e em confronto com o novo espaço da Galeria Nuno Centeno (inaugurado no final de 2018), localizado na antiga Cooperativa dos Pedreiros (criada em 1914), no centro da cidade do Porto.
Em Conversa Inventada, André Sousa exibe duas grandes pinturas sobre tecido, que pendem das colunas da galeria, de arquitetura brutalista, até ao seu chão cimentado, ambas com os versos voltados um para o outro, criando um efeito semelhante à instalação Parábola (2014) exposta no Museu de Serralves (Porto), no contexto da exposição 12 Contemporâneos: Estados Presentes (2014). A sua complexidade é o resultado de uma contínua exploração livre da pintura, assim como uma consciência da sua história e dos códigos de expressão primitivos do ser humano. A obra que nos deparamos primeiro é em tons de cinza e contém inúmeras camadas, estilos e espessuras. Nela vemos várias formas geométricas, símbolos, letras e elementos da natureza, pintura figurativa e abstrata, como se fosse um mural pintado “em tempos idos” de uma sensibilidade intemporal. Quando nos voltamos para a segunda obra somos absortos pela sua profundidade de campo que acompanha as linhas estruturais do espaço expositivo, a imensidão de cores e a quantidade de formas. Existe uma forte centralidade, geometria e distribuição da pintura de influência clássica, que surge em contraponto com uma certa abstração e repetição de códigos figurativos, tais como letras, caras, pés, penas de animais e até mesmo dentes, que requer do visitante um olhar mais atento aos seus pormenores, como se fosse um obelisco que conta uma história, agora cravada a tinta sobre tecido cozido à mão.
André Sousa (1980, Porto) vive e trabalha no Porto e em Frankfurt. Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (1998/2003) exibe o seu trabalho desde 1999, em exposições coletivas e individuais, a nível nacional e internacional. A sua prática artística, caracterizada pelo jogo entre as noções de valor e as várias possibilidades no contexto da arte e da economia, é composta por pinturas de dupla face, com estética contrastante, confronto de materiais e técnicas, reproduções de arquitetura vernacular e outros objetos. Nelas, assim como nos seus vídeos encontramos paisagens, referências literárias, experiências individuais ou elementos e apropriações codificados. As suas instalações partem de um ponto rigoroso, para abranger a diversidade de uma prática diária. Veja-se as exposições: Saudade (2018, Fosun Foundation, Shangai, China), Sad Movie (2018, Kunsthalle Freeport, Bangkok, Tailândia), Parte-se a guita, perde-se a bala (2017, Galeria Múrias Centeno, Porto, Portugal), Uma Coleção = Um Museu (2007-2017) Obras da Coleção António Cachola (2017, MACE, Elvas, Portugal), Matter Fictions (2016, Museu Berardo, Lisboa, Portugal), 12 Contemporâneos: Estados Presentes (2014, Museu de Serralves, Porto, Portugal), Prémio EDP – Novos Artistas 2007 (2007, CACE Cultural, Porto, Portugal), entre outras. Realizou diversas residências artísticas, das quais destacamos na Casa do Povo (São Paulo, Brasil) em 2016, com João Sousa Cardoso, na Künstlerhaus Bethanien (Berlim, Alemanha) em 2009 e na Spike Island (Bristol, Reino Unido) em 2007. Juntamente com Mafalda Santos e Miguel Carneiro geriu o espaço independente PêssegoPráSemana (2000-07), assim como foi responsável pelo projeto Mad Woman in the Attic (2005-09), ambos no Porto. A partir de 2008 coordena com o artista Mauro Cerqueira, o projeto e espaço artístico Uma Certa Falta de Coerência, na sua cidade natal.
A exposição Conversa Inventada de André Sousa está em exibição na Galeria Nuno Centeno, no Porto, juntamente com Os Outros Homens de Luísa Mota até 12 de julho de 2020.