Semente Exterminadora, de Pedro Neves Marques
Têm vindo cada vez mais a público uma série de teorias que indagam sobre a origem das epidemias e das pandemias na destruição e no desequilíbrio dos vários ecossistemas que habitam o planeta. Dessas teorias resultam especulações, distorções e conspirações que adensam a imaginação e tecem os novos mitos, lendas e cosmogonias da era moderna e hiperindustrializada. A natureza vinga-se, o drama do Antropoceno, as distopias do futuro e as utopias fracassadas: imagens que pintam, textos que se escrevem sobre a incerteza que o próprio homem cria na alienação do natural.
Em Semente Exterminadora (2017), Pedro Neves Marques propõe um ensaio quase animista sobre a destruição da natureza e os mecanismos de defesa naturais libertados em prol do equilíbrio. Neves Marques olha para a exterminação das camadas naturais do planeta, da deflorestação, da ocupação de terras indígenas para a produção agrícola, da mecanização do trabalho e da superprodução exigida pelos sistemas neoliberais e capitalistas assentes no hiperconsumo.
As Galerias Municipais, em conjunto com o festival Curtas de Vila do Conde – International Film Festival, disponibilizam agora, em tempos de pandemia e crises futuras, este trabalho de Pedro Neves Marques como um apelo à reflexão e ao debate interno, mas também alargado e político. O vídeo fica disponível até 10 de maio.