SOS ARTE PT e Portugal #EntraEmCena – dois novos movimentos para apoiar a cultura
A suspensão da totalidade das atividades do setor artístico e cultural, face ao atual contexto de crise pandémica, tem motivado a apresentação de novos apoios e projetos, vindos de vários quadrantes, que tentam impedir o colapso das estruturas e ajudar os profissionais afetados. Contudo, o simultâneo combate à ameaça sanitária e a imprevisibilidade das suas consequências, bem como da extensão temporal e económica dos seus danos, têm resultado em respostas tímidas, erráticas ou insuficientes de modo geral, um pouco por todo o mundo – vejam-se os despedimentos em massa em museus de referência com o MoMa, a precariedade dos trabalhadores dos serviços educativos focada em Serralves, ou a iniciativa desastrada do TV Fest, anunciada na noite de 7 de Abril e cancelada no dia 9. Ainda assim, a partir deste cenário turvo e alarmante continuam a surgir iniciativas que pretendem estimular o meio artístico a encontrar soluções capazes. Aos fundos já anunciados pela Fundação Calouste Gulbenkian, pelas administrações regionais, pelo Ministério da Cultura, através da criação de uma linha de emergência, e pela Gestão dos Direitos dos Artistas, continuam a juntar-se novas propostas.
O SOS ARTE PT define-se como “um movimento de resistência dos artistas e outros profissionais da arte portuguesa”. Várias centenas de pessoas já subscreveram o manifesto publicado na sua página online, que anuncia tanto os objetivos como o plano de trabalho iniciais do movimento. Desde logo, segundo o documento, o SOS ARTE PT compromete-se com a promoção do reconhecimento público da importância social, económica e educativa da atividade artística. O manifesto apresenta ainda sete pontos a concretizar desde já: a criação de um fundo com financiamento público e privado destinado a ajudar no imediato os profissionais impedidos de realizarem as suas atividades neste período; um pedido de reavaliação da estratégia do Plano Nacional das Artes; a apresentação de uma proposta para a criação de uma plataforma estatal única que congregue todas as iniciativas, organizações e projetos com o intuito de ajudar o setor; ainda, a criação de uma exposição online durante o período de quarentena com 100 artistas; o lançamento de uma bolsa de ateliers gratuitos temporários para artistas; promover, em colaboração com as galerias de arte portuguesas, uma Feira de Arte on line; estabelecer redes de contacto e parceria com outras instituições nacionais e estrangeiras que partilhem os mesmos objetivos.
Por outro lado, foi também anunciado o movimento Portugal #EntraEmCena que reúne uma lista considerável de entidades públicas e privadas – desde teatros, bancos ou operadoras de telecomunicações – dispostas a investir em projetos culturais, até ao valor máximo individual de 20 mil euros, resultando num investimento inicial de mais de um milhão de euros. A lógica é a de um Marketplace, ou seja, através do site oficial, criadores podem apresentar projetos (a serem realizados brevemente em formato digital, ou em espaço físico até 2021) em busca de financiamento, e as entidades, por sua vez, podem lançar concursos com o objetivo de selecionarem projetos vencedores. Para já, em termos práticos, os contornos do movimento são ainda poucos claros, mas sabe-se que será destinado a artistas de todos os domínios culturais e espera-se que nos próximos dias sejam divulgados os primeiros projetos/concursos.