Resposta Aberta: Slavs and Tatars
Resposta Aberta é uma série especial de entrevistas com artistas, curadores, escritores, compositores, mediadores e “fazedores de espaços” internacionais. Atendendo aos temas que rapidamente emergiram como consequência da pandemia de Covid-19, oferecemos, aqui, uma perspetiva diferenciada e honesta de compreensão. Semanalmente, várias serão as portas abertas à vida dos colaboradores e às suas experiências de prazer, produtividade, metafísica e mudanças de paradigmas. Idealmente estas conversas poderão servir de caixas postais e conduzir a uma maior empatia, unidade e cocriação. Resposta Aberta vai ao encontro da necessidade de tecer a autonomia de uma rede de comunicações consciente, em tempos de extrema perplexidade.
Os Slavs and Tatars são um coletivo artístico e uma “fação de polémicas e de relações íntimas dedicada à zona a Leste do antigo Muro de Berlim e a ocidente da Grande Muralha da China, também conhecida como Eurásia.” Fundado em 2006, o trabalho deste grupo centra-se em três atividades: exposições, livros e performances letivas.
Josseline Black – Nesta fase de isolamento forçado, como articulam a vossa resposta no discurso público? Qual é o vosso papel nesta conversa mais ampla?
Slavs and Tatars – Estamos atrasados, mas somos grandes fãs do Kulturprotestantismo alemão. Mesmo antes da crise da COVID, apenas 1% da população ia restaurantes mais do uma vez por semana, etc. Esta pandemia, como muitas outras catástrofes naturais, é uma correção.
JB – A vossa prática artística tem mudado ao longo do isolamento?
SaT – É muito cedo para afirmar tal coisa. Em última análise, não nos cabe a nós dizê-lo!
JB – Como é que a vossa capacidade de produzir trabalho foi afetada pela pandemia?
SaT – Estamos a trabalhar, como os nossos parceiros, a um ritmo mais lento.
JB – Atualmente, qual é a vossa abordagem à colaboração?
SaT – Como coletivo, sem colaboração não existimos. Desde o primeiro dia.
JB – Acham que existe um potencial de apoio renovado para a produção cultural, apesar das macro e microeconomias estarem em rápida reestruturação?
SaT – Temos muita sorte de viver num país que já valoriza imensamente a cultura. Faremos o nosso melhor para preservar este aspeto.
JB – E.M Cioran escreve: “nas grandes perplexidades, tente viver como a história foi feita e reagir como um monstro repleto de serenidade”. Como respondem a esta proposta?
SaT – Soa bem, apesar de ser autoconsciente.
JB – Como é que este tempo está a influenciar a vossa perceção de alteridade no geral?
SaT – Está apenas a reforçar a nossa solidariedade com um dos nossos públicos mais divertidos e educados: os idosos.
JB – Como é que a vossa utilização da tecnologia e do virtual está a fazer evoluir o paradigma da vossa produção?
SaT – Até agora, não.
JB – Qual é a vossa posição sobre a relação entre catástrofe e solidariedade?
SaT – A solidariedade é uma disciplina, que é melhor praticada no dia-a-dia.